NASREDDIN E O OGRO I/II
NASREDDIN E O OGRO I – 7 JUL 2022
Um velho lenhador tinha três filhos,
mas certo dia feriu-se com o machado
e por semanas precisou ficar deitado,
até que aos filhos substitui-lo ele ordenou:
“Sem termos lenha, nossa dívida aumentou,
um de vocês deve seguir meus trilhos!”
“Porém não cheguem na floresta do regato,
fica mais perto, mas é muito perigosa,
lá mora um ogro de disposição maldosa,
em geral fica lá quieto, sem falar,
mas carne humana aprecia devorar,
portanto, fiquem longe desse mato!...”
O mais velho, que se chamava Nureddin,
não queria nem um pouco trabalhar,
mas o pai insistiu e foi então lenhar,
porém levando seu conselho em desacato,
foi justamente ao bosque do regato,
onde uma árvore foi atacando assim!...
Mas no instante da primeira machadada,
o ogro apareceu: “Seu atrevido,
no meu caldeirão serás hoje servido!
Como te atreves minhas árvores cortar?”
E de imediato foi ao jovem derrubar
e o carregou para sua cova desolada!...
Ao ver que Nureddin não retornou,
o lenhador mais e mais se impacientava,
três dias passados, o rapaz não retornava...
Samuddin, o outro filho, interpretou o acontecido:
“Senhor meu pai, ele deve ter fugido,
esse seu filho de trabalhar nunca gostou!”
NASREDDIN E O OGRO II – 8 JUL 2022
“E nem ao menos me devolveu o machado!
Esse de fato era o melhor que eu tinha!
A lâmina do outro é mais tortinha,
mas o terás de usar para cortar,
sem lenha em casa não podemos continuar:
logo alimento terá de ser comprado!...”
“A horta de sua mãe não dá o suficiente
e depois, como sabes, eu me endividei,
carne e leite no armazém comprei
e fiquei de ali entregar carga de lenha;
por mais paciência que o merceeiro tenha,
não vai perdoar só porque estou doente!”
“Você terá de ir ao trabalho, Samuddin!”
Tampouco gostava do serviço esse rapaz!
“Mas é preciso que cortar a lenha vás!”
“E descobrir onde se acha o teu irmão,
já muito aflito está meu coração!”
disse a mãe, ao despedi-lo assim...
Samuddin, mesmo de muito má vontade,
pegou o machado de lâmina meio torta:
Não é bom, mas alguma lenha sempre corta!
Porém seguiu igualmente até o regato,
achando estar muito distante o outro mato,
desobedecendo ao aviso, em sua vaidade!
Ora, o lenhador costumava só cortar
os galhos secos que na floresta encontrava,
árvore viva pouco ou nada resultava,
apenas verde a madeira resultante,
posta a secar tinha de ser bastante,
mas os seus filhos não pareciam se importar.