O TESOURO DO ALHAMBRA I/II
O TESOURO DO ALHAMBRA
(William Lagos, conto popular espanhol,
recontado em versos, 10 JUN 11.)
O TESOURO DO ALHAMBRA I
Antigamente, não havia água encanada,
embora a houvesse no tempo dos romanos,
porque deixaram entupir-se os canos,
naquela bela cidade de Granada...
Havia na cidade um aguadeiro,
chamado Peregil, que diariamente
descia até o rio e, diligente,
enchia de água seu barril, ligeiro.
Como era pobre, não tinha nem carroça
e sobre as costas carregava seu barril,
vendia um litro de água por ceitil:
seria um centavo na moeda nossa...
Embora vendesse a água facilmente,
não tinha condições de cobrar mais,
porque havia aguadeiros por demais,
numa feroz concorrência por cliente.
O TESOURO DO ALHAMBRA II
Peregil descia ao rio, tempo inclemente
ou mais suave, com chuva ou tendo sol.
Levantava-se bem antes do arrebol
e iniciava o seu trabalho, bem contente.
Esvaziado o barril, voltava ao rio
Genín ou ao Beiro, porém nunca ao Darro,
porque suas águas traziam muito barro,
desde a Sierra Nevada, sem desvio.
Quatro barris vendia, tendo sorte,
embora à noite já estivesse exausto.
Cinquenta litros levava em cada hausto,
meio maravedi ganhava em cada porte.
E assim, no máximo, dois maravedis reunia,
com tanto sacrifício conquistados...
Mas sete filhos recebera pelos fados
e em seu sustento cada ceitil se ia...