AS TRÊS MANTILHAS III/IV
AS TRÊS MANTILHAS III – 1º outubro 2022
Khristos não era lá um grande lutador,
mas tampouco era um covarde, certamente
e o monstro enfrentou a chicotadas,
mas quando ele retornou, cheio de pavor,
usou sua faca de jantar de forma diferente,
desventrando o troll a cutiladas;
empurrou-o para o rio que o levou pela corrente,
bem aliviado após tal luta, realmente!
Então de novo a voz da ponte ouviu:
“Bom cavaleiro, tem meu agradecimento,
desça agora pela margem do ribeiro,
até este espaço que raro a água atingiu,
onde se encontra meu encarceramento.”
Khristos amarrou bem seu cavalo primeiro
e foi descendo, com a faca ainda na mão,
de uma armadilha suspeitando na ocasião.
Mas ao contrário, uma jovem acorrentada
se achava mesmo no outro sopé da ponte.
“Você é a ninfa...?” “Sim, meu cavaleiro,
preciso ser agora urgente libertada,
antes que o Sol se ponha no horizonte.”
“Mas de que modo?” – ele indagou ligeiro.
“Ali está a chave da corrente pendurada,
naquela argola...” A água era gelada...
Com um certo temor, penetrou nela,
era mais forte do que antes parecia,
pelo sangue do monstro avermelhada!
Sentiu o nivel alcançar a sua costela,
mas na outra margem enfim ele subia,
em que a ninfa se achava acorrentada
e com a chave libertou-a facilmente,
caindo ao solo a sua grossa corrente.
A ninfa o abraçou, agradecida:
“Peça qualquer coisa como recompensa!”
Khristos só se lembrou do que buscava:
“Então me dê a sua mantilha colorida!
O meu esforço plenamente me compensa.”
Nem percebeu que a ninfa assim desapontava,
mas a mantilha do pescoço retirou
e a entregou ao bravo moço que a salvou.
AS TRÊS MANTILHAS IV – 2 outubro 2022
“Deseja que a leve para algum lugar?”
“Não, eu sou a ninfa e na ponte permaneço,
só me ajude a atravessar este ribeiro!”
Khristos nos braços precisou-a carregar.
bem mais pesada que a julgara no começo,
mas a transportou num esforço derradeiro
e quando ela sobre a ponte enfim pisou,
ergueu os braços e totalmente a renovou!
Parecia a ponte ter sido construída,
só havia uma década, totalmente reformada,
ficou Khristos a sentir certo receio
e de imediato apresentou sua despedida,
levou para casa a mantilha azul dobrada,
de com a ninfa permanecer não via meio!
Dos três irmãos foi o primeiro a retornar,
sem da mantilha perceber o desbotar!
Sua mãe lhe agradeceu, muito contente,
porém o pai com algum desprezo a contemplava,
estava inteira, mas branca e bem singela!
Khristos recomeçou a sua ajuda permanente,
enquanto dos irmãos o retorno ainda esperava,
sem contudo se esquecer da ninfa bela,
mas sendo inexperiente, ainda a temia,
decerto ir procurá-la de novo não podia!
Lukasz, o segundo irmão, montava um jumento
de marcha lenta, mas constante e permanente,
por uma estrada velha e empoeirada,
desconfortável mesmo em seu assento,
até que agudos gritos escutou à frente!
Deixou a rédea numa forquilha enfiada
e foi correndo na direção do grito,
seu coração a bater de tanto agito!
Viu logo uma jovem de grande beleza,
que por três sátiros estava sendo assaltada, (*)
sem mais pensar, sua faca desembainhou,
a correr pela vereda com presteza;
embora vendo que cada garra era afiada,
corajosamente o primeiro sátiro atacou,
ao qual feriu e depressa o espantou
e os outros dois sem medo ele enfrentou!
(*) Cabeça e tronco humanos, pernas e pés de bode.