A MOEDINHA E O GATO III/IV
A MOEDINHA E O GATO III – 31 OUT 2022
E de fato, Olek trabalhou honestamente,
ainda mais dedicado que no ano anterior,
contente com o cantinho e seus farrapos,
qualquer serviço a executar perfeitamente,
agradecido mesmo a seu senhor,
pela eventual mudança de seus trapos;
e ao fim do ano, pediu sua remuneração,
qual julgara ter merecido na ocasião!...
Com um certo escárnio, o seu amo avarento,
entregou-lhe a mesma moeda, justamente:
“Aqui está o pagamento que mereces!”
Olek não hesitou um só momento,
pediu um dia de folga, simplesmente
e foi à beira do lago fazer preces:
“Permite, Senhor, caso eu mereça esta moeda,
que ela flutue, sem nas águas sofrer queda!”
Mais uma vez, a moedinha se afundou,
enquanto Olek a contemplava tristemente;
Nem sequer isso valeu o meu labor!
E no lago novamente mergulhou,
a encontrá-la quase instantaneamente,
para de novo a levar ao empregador!
“Digno amo, cheguei de novo à conclusão
que tampouco mereço esta remuneração!”
Mais uma vez se surpreendeu o avarento:
Este rapaz é bastante inteligente,
mas por que adota um tal procedimento?
Olek não hesitou um só momento:
“Espero que o amo me seja complacente
e a meu retorno conceda assentimento.”
“Ora, é claro que pode voltar a trabalhar,
seu labor vale pouco, mas o posso aceitar!”
E assim Olek o terceiro ano iniciou
em seu trabalho, sem o menor protesto,
mas uma coisa ele não confessava,
que pela filha única do patrão já se encantou
e notava o interesse dela manifesto
a cada vez que com a moça conversava,
pois lhe trazia melhor merenda na ocasião
e seus trapos até cerzia com certa devoção!
A MOEDINHA E O GATO IV – 1º NOV 2022
Completou-se assim o ano terceiro
e quando as contas se foram acertar,
o patrão a mesma moeda lhe entregou...
Mas me esforcei ainda mais do que primeiro!
Um dia de folga foi outra vez solicitar
e pela renovação do contrato o amo esperou,
mas reconhecia que por Marfa se apaixonara
e mais fervente prece aos céus lançara!
Então, por qualquer razão maravilhosa,
a moedinha desta vez não afundou!
Decerto por meu trabalho enfim a mereci!
Nos olhos guardava a imagem primorosa
da jovem Marfa que tanto o encantou,
porém pensou: Não posso continuar aqui!
Só de vê-la diariamente é uma tortura,
jamais serei digno dessa sua face pura!
E desse modo, ao retornar para o patrão,
que já esperava sua moeda recobrar,
explicou que do seu emprego desistira;
tentou o amo mudar sua decisão,
mas declarou que pretendia só lenhar!
Passou por Marfa e fingiu que não a vira,
sem se atrever a contemplar sua face,
em que qualquer desaponto se estampasse.
De um couteiro já conseguira a permissão
para trabalhar como seu lenhador,
por pagamento a dar metros de lenha,
facilmente vendendo o resto de sua produção,
por um preço um tanto abaixo do valor,
porém juntando o pouco dinheiro que lhe venha,
aos poucos construiu uma choupana,
de caça e pesca sua alimentação reclama!
Mas certo dia a notícia lhe chegou
que seu patrão um navio adquirira
e a negócios sairia em viagem.
Humildemente dele se aproximou
e lhe pediu que um investimento permitira,
que com a moeda sujeita a tal trocagem
lhe adquirisse alguma coisa boa,
mas o patrão considerou ser coisa à toa!