A MOEDINHA E O GATO I e II

A MOEDINHA E O GATO I e II – 29 OUT 2022

Um jovem muito pobre, que seus pais perdera

e cuja casa se incendiara totalmente,

sem ter recursos para sua sobrevivência,

foi a um homem rico para pedir lhe dera

um bom emprego, que o serviria fielmente,

em troca de casa, comida e providência

das roupas que precisasse então usar

e uma recompensa quando um ano terminar.

E realmente, trabalhou com grande afinco,

a realizar cada tarefa a lhe ser determinada,

sem reclamar, a se esforçar de sol a sol.

Deixava a casa limpa que era um brinco,

a criação com todo o cuidado alimentada

e ainda a cuidar da plantação de girassol.

Comia bem e não podia se queixar,

tinha um espaço para em catre se deitar.

E até mesmo roupas velhas recebia

em troca das suas quando esfarrapadas:

duravam pouco, mas sempre o abrigavam,

até que o tecido enfim se desfazia,

afinal, já tinham sido bem usadas;

de má vontade, outras velhas lhe entregavam

e destarte, durante ano inteiro labutou,

até que o tempo combinado terminou.

Findado o prazo, já no dia seguinte,

foi entrevistar-se com o seu patrão

e lhe pediu a recompensa prometida;

o patrão era avarento até um requinte:

abriu uma bolsa para depois lhe por na mão

uma única moeda a pagar toda a sua lida!

“Este é o dinheiro que teu trabalho mereceu,

além de casa, roupas e o alimento que comeu!”

Como era de esperar, ficou desapontado.

Depois indagou: “Patrão, acaso ela é de ouro?”

O avarento respondeu com gargalhada:

“Claro que não, mas é cobre bem cunhado,

que mais querias? Ganhar algum tesouro?”

“Não, meu senhor, recebo o que lhe agrada.”

Mas sendo humilde, pediu um novo contrato

e um dia de folga em que avaliasse o triste fato.

A MOEDINHA E O GATO II – 30 OUT 2022

Com recompensa melhor, como esperava,

poderia sua vida, a seguir, recomeçar...

Mas será que era só o que merecia?

Todo esse tempo em que fiel eu labutava,

comi e dormi e ainda roupas fui ganhar,

embora de fato, a ser de mínima valia!

Na palma da mão foi a moeda sopesar...

Mas nem ao menos terei onde a guardar!

E desse modo, pôs-se a pensar confusamente:

Talvez nem mesmo eu mereça esta moeda!

Por que o patrão somente isso me daria?

Ergueu a Deus a prece mais fervente:

“Senhor, vou experimentá-la numa queda!

Lanço-a ao lago, para ver se flutuaria!

Se ela flutuar, significa que a mereça,

caso contrário, que até o fundo desça!”

Como era de se esperar, naturalmente,

a moedinha foi descendo até o fundo:

Isto quer dizer que ainda pertence ao patrão!

Foi generoso em me dar este presente,

mas não é justo! Seria um mal profundo:

dá-la de volta será minha obrigação!

E assim pensando, nas águas se arrojou

e lá do fundo a moedinha recobrou!

Foi levá-la ao patrão, com humildade:

“Meu senhor, na verdade eu não mereço,

é demasiado grande o pagamento,

quero devolvê-lo com a maior sinceridade,

sei que é uma prova real do seu apreço,

mas não quero abusar por meu atrevimento!

Ainda está nova, não lhe causei o menor dano,

apenas peço que me empregue mais um ano!”

O avarento ficou, de fato, surpreendido,

porque sabia que lhe deveria muito mais,

mas embolsou a moedinha calmamente

e lhe falou: “Pensei tê-lo até perdido,

mas reconheço seus dotes naturais,

pode o trabalho retomar perfeitamente!”

Olek, o moço, a seu catre retornou

e de imediato em seu trabalho se esforçou!