A PRINCESA DO MAR 10 A12

A PRINCESA DO MAR X

"Pois então, também serei um comerciante!

Os cem mil rublos de vocês não vou tomar!

Iniciarei uma grande expedição,

que me fará mais rico que hoje são

todos vocês!... Quem irá me acompanhar?"

Três marinheiros avançaram nesse instante.

Um era Viking, o outro Veneziano,

mas o terceiro viera do Industão.

"Não tenho emprego, portanto, irei contigo."

"Eu te acompanho, por ser teu amigo."

"Eu seguirei, porque me manda o coração."

Cada um deles lhe disse, sem engano.

O menestrel os três peixes foi lançar

de volta ao lago e cada um virou um navio!

Puderam o canto de Volkhova então ouvir:

mercadorias viram do lago assim subir,

e vendo os barcos cheios, mastro ao lio,

todos agora o queriam acompanhar!...

Ele nomeou os três primeiros marinheiros

de cada um dos barcos capitão.

E para espanto daqueles comerciantes,

sob os aplausos das gentes delirantes,

sobem os barcos à praia, num trovão,

navegando sobre a terra, bem ligeiros!...

A PRINCESA DO MAR XI

Sadko mandou mil rublos entregar

à sua esposa e encarregou de a proteger

o povo inteiro de tão bela cidade.

Tomou nove mil rublos, na verdade,

para as despesas de viagem atender

e tudo o mais entregou, sem hesitar.

Montou um cavalo então e alcançou

das três galeras a mais importante.

E os barcos continuaram a vogar

por sobre a terra, até chegar ao mar,

numa visão para todos estonteante,

por toda a parte que a flotilha atravessou!

Do veneziano aceitou a sugestão

e fez a volta por todo o continente,

comerciando em cada porto do caminho.

Habilidoso, conversando de mansinho,

foi recebido em paz por toda a gente.

Tinha do mar e da estrela a proteção...

Após Veneza, para a Índia ele partiu,

seus três barcos navegando no deserto.

Fez bons negócios e muito prosperou,

cruzou o mundo inteiro e retornou

até a Escandinávia, o peito aberto,

nessa alegria que tanto usufruiu!...

A PRINCESA DO MAR XII

Mas após ter comerciado também lá,

deixou as águas afinal do Mar do Norte

e entrou no Báltico... Contudo, se esquecera

de louvar o Tzar do Mar, qual prometera,

que, de repente, transformou-lhe a sorte

e que o vento parasse ordenou já!...

Por três semanas os barcos não moveram.

Preces tardias fizeram ao Rei Oceano,

lançando às águas ouro e pedrarias,

depois fardos de preciosas iguarias,

porém vazio das velas fica o pano

e toda a água a bordo eles beberam!...

Lançaram kevels, os dados, para ver

qual o culpado, consoante seu costume.

Caiu a sorte sobre o comerciante...

Confessou Sadko sua culpa nesse instante:

"O Rei do Mar é só a mim que pune...

Lancem-me às águas e tudo irá se resolver!"

Ele era amado e os marinheiros não queriam.

Severamente, porém, os comandou

e jogaram-no então, pela amurada,

entre lamentos de toda a marujada.

E quando a água sobre ele se fechou,

surgiu o vento e os barcos já seguiam!...