NERECZINKA 13/14
Nereczinka 13 – 21 fev 20
Ficaram as nove cabeças exibidas
na muralha do castelo, ressequidas
e a princesa alegou estar cansada:
não poderia casar-se nesse dia!
De fato a isso ninguém objetaria,
a boda inteira teria de ser preparada!
Mas assim que a ocasião se fez presente,
Duylina alegou estar doente:
guardava o leito e quase não comia:
os médicos diziam ser só exaustão,
mas esperança ainda trazia ao coração,
que Nereczinha para ela retornasse!
Mas por que não haviam visto Nereczinka?
A sua espada, ao se deitar, no solo finca,
ao se afastar, para poder dormir,
longe do sangue do dragão e seu fedor.
Primeiro Duylina o contemplara com amor,
depois sentira necessidade de sair...
Só que em seguida Nereczinka se acordara
e julgou que a princesa o abandonara!
Saiu andando primeiro, a procurá-la,
mas como estava ainda bem cansado,
errou a direção, seu coração atribulado,
por isso mesmo, sem conseguir achá-la!
Assim, quando apareceu o espertalhão,
Nereczinka caminhava ainda em vão,
só lembrando de embainhar sua espada...
Duylina realmente não o achara,
e ao ver o estranho, logo se perturbara
e se deixara transportar sem dizer nada!
Chegou a pensar que ele a abandonara:
já após dar-lhe as maçãs, ele a deixara!
Mas quando o mau cavaleiro lhe mentiu
que o encontrara adormecido e o degolara,
sem mais saber como agir ela ficara,
enquanto ao castelo o malvado a conduziu!
Depois de muito caminhar em vão,
Nereczinha foi vencido de exaustão
e novamente se deitou a dormir,
sem poder crer na princesa e seu amor,
mas sem tampouco sentir qualquer rancor:
Como fui tolo com uma princesa me iludir!
O bom rapaz por vários dias dormiu,
mais que o cansaço, as modificações sentiu
que num prodígio o haviam transformado:
quando enfim se acordou, uma emoção
parecia que lhe rasgava o coração:
pela princesa recordou-se abandonado!
E levantou-se bastante amargurado:
as cabeças recordou que havia cortado
e decepado as nove línguas do dragão,
porém sofria de uma tal ingratidão,
que resolveu partir para outro lado!...
Nereczinka 14 – 22 fev 20
Mas enquanto estava caminhando tristemente,
foi abordado assim, quase de repente,
por seu amigo, o duende que o auxiliou:
“Foi como eu disse, você já virou gigante!”
“De nada me serviu! Minha princesa, num instante,
assim que adormeci, já se afastou!...”
“Não foi assim, meu precipitado amigo:
foi iludida por um certo inimigo,
que lhe mentiu que o havia degolado!
Foi só por isso que não mais o procurou!”
Nereczinka de imediato se aliviou
e já seu passo se tornou mais apressado!
“Espere um pouco, que a coisa é diferente!
Seu rival insistiu ser o valente
que atacou o dragão e o derrotou;
foi recebido com honras na cidade
e até a princesa, em sua infelicidade,
com o traidor casar-se concordou!
Ele apresentou as cabeças do dragão,
afirmando ter sido sua a execução!”
“Mas como Duylina concordou?
Ela assistiu meu combate por inteiro,
como lutei até o momento derradeiro!
Mesmo me achando morto, por que não se negou?”
“Até agora o casamento foi adiando,
contra a esperança, por você está esperando!
Fingiu estar doente até agora,
mas é melhor que logo se apresente,
antes que o rei, sob pressão da gente,
ordene a boda realizar-se sem demora!”
“Mas eu cortei as línguas do dragão!
Posso provar ser minha a execução!”
Kroshetnik ficou meio surpreendido:
“Mas nesse caso, o que está esperando?
Vá ao castelo, o seu penhor mostrando!
A sua princesa logo o fará reconhecido!”
Nereczinka apresentou-se no castelo,
mas não queriam atender a seu apelo,
até que um dos dois criados da princesa
afirmou que não era algum bandido
e ao salão real, enfim, foi conduzido,
sua prova a apresentar com ligeireza!
Porém ninguém o queria acreditar
pediu Nereczinka que alguém fosse buscar
as nove cabeças que se achavam sobre o muro,
cujas línguas fez depressa se encaixar,
de uma forma que fez a todos se assombrar,
mas contrariou-o o cavaleiro impuro!