NERECZINKA 7/8
Nereczinka 7 – 15 fev 2022
Nereczinka pronunciou a fórmula mágica:
“Lua nova, Lua velha,
Meia Lua, Lua e meia,
Qual fulgor que te incendeia,
Qual a luz que a Lua espelha?”
E transformou-se num belo rapaz,
só que o encanto em breve se desfaz
e se tornou de novo pequeninho...
“Mas isto não importa, minha princesa,
bem percebo que pertence à realeza,
por que chorais aqui neste cantinho?”
“Será inutil que lhe diga agora,
mas esta macieira, há apenas uma hora,
tinha três maçãs de ouro, milagrosas,
que o rei meu pai encarregou-me de cuidar,
mas o dragão do lago as veio arrebatar
e lá se foram as três frutas preciosas!”
“É uma pena, realmente,” disse o rapaz,
“mas será que o rei não se satisfaz
com todas estas outras tão bonitas?
Não estão douradas, mas bem vermelhinhas...”
“Você não entende, não eram douradinhas,
mas realmente de ouro infinitas!
O que é que vou dizer para meu pai?
Dentro de poucas horas, ele vai
chegar com uma vasta comitiva!
Toda a nobreza do reino convocou,
para mostrar este prodígio que chegou
e uma vergonha sentirá bem incisiva!”
“Mas certamente ele não a irá culpar!
Há até sinais de um certo chamuscar,
por certo esse dragão fogo cuspia!...”
“Claro que sim, com as chamas me afastou,
não me queimou, mas me atarantou,
não protegi as maçãs que defendia!”
“Sua Majestade saberá mostrar-se amigo...”
“É ainda pior, um profeta muito antigo
disse uma vez, que se algum dia o dragão
comer pudesse três maçãs de ouro
se tornaria o soberano e o vasto couro
alimentaria com de um rei o coração!”
“É realmente uma coisa lamentável,
não posso permitir algo assim tão condenável
favorecer a iniquidade do dragão!
Mas não se preocupe, minha princesa,
eu sou pequeno, mas de grande robusteza
e lhe prometo achar aqui uma solução!”
Não ficou a princesa lá muito convencida,
mas que outra coisa iria fazer na vida?
“Princesa, tendes dois criados de confiança
que possam me ajudar sem protestar?
Pois bata palmas para os dois chamar
e o dragão enfrentaremos sem tardança!...”
Nereczinka 8 – 16 fev 2022
Logo a Princesa Duylina o atendeu
e a seu chamado forte par apareceu:
“Meus amigos, atendam a esse rapaz,
nessa tragédia que me infelicitou,
obedeçam a tudo que mandou,
igual que o meu é o comando que lhe faz!”
Anteriormente, Nereczinka pronunciara
as palavras mágicas e seu aspecto mudara:
“Vão-me buscar duas cordas resistentes
e matem dois carneiros, bem depressa;
cortem os dois ao meio e cada peça
ponham num saco de fibras permanentes!”
“Bem depressa, os tragam para mim!”
Os dois criados foram cumprir ordens assim
e Nereczinka indagou: “Minha princesa,
por acaso terá uma bolsa bem formosa,
para guardar as três maçãs bem prestimosa?”
Foi Duylina atendê-lo, com presteza...
Logo os criados com as cordas já voltavam
e a carne em grande saco carregavam;
Nereczinha despediu-se da princesa,
de vez em quando murmurando o encantamento,
para aos criados não dar mau pressentimento,
mesmo que o passo largo diminuía sua lerdeza!
“Lua nova, Lua velha,
Meia Lua, Lua e meia,
Qual fulgor que te incendeia,
Qual a luz que a Lua espelha?”
Quando os dois compreenderam o destino,
mal controlaram seu crescente desatino,
mas obedientes o seguiram até o fim.
Atou o rapaz uma corda na cintura
e a outra no saco que nas costas já pendura:
“Vou descer ao lago do tal dragão assim...”
“Vai desafiar o dragão devorador?”
“Roubou as maçãs da princesa, o vil traidor!
Prendam as cordas em árvore bem forte!”
Abriu o saco e tirou um dos pedaços:
“Comam vocês, no aguardo de meus passos...
Puxo a corda três vezes, tendo sorte!...”
E então nas águas do lago ele pulou
e o saco inteiro nas costas carregou;
prendeu primeiro sua respiração,
mas logo achou um estranho lugar,
que parecia ter bastante ar:
era sem dúvida, o covil desse dragão!
Toda erguida com pedra a residência;
desde a entrada bafejava alguma ardência;
era uma cozinha, com imenso caldeirão;
viu que o dragão estava a cochilar,
de qualquer modo, não querendo se arriscar,
aproximou-se pequenino do dragão!...