NERECZINKA 3/4
Nereczinka 3 – 11 fev 2022
Em breve o pai o seu esforço percebia:
mas que nada ceifasse em pleno dia,
como iria explicar a seus vizinhos?
Era mantido entre os três esse segredo,
também a mãe a sentir bastante medo
que nele vissem maléficos caminhos!
Outra coisa também os perturbava:
Pimentão muito bem se alimentava,
tal qual se fosse um enérgico rapaz!
Quase tanto como seu próprio pai;
apesar disso, crescer nunca ele vai
e deste modo, o casal não tinha paz!
De qualquer modo, sentia-se ele normal
e com os rapazes de sua idade formal,
desde criança, brincar ele tentara,
pois corria, realmente, bem depressa
e se escondia atrás de qualquer peça,
seus parceiros depressa a superar!...
Já aos sete anos, foi obrigado a se afastar,
senão algum o poderia pisotear
e o tratavam como uma aberração!
Nunca uma bola conseguira chutar,
mas leu depressa e poderia até esperar
algum emprego de professor ou de escrivão!
Assim um dia, na hora do jantar
com seu pai e com sua mãe foi conversar:
“Deste lugar preciso ir embora já!
Todos troçam de mim e por algum malvado,
de propósito, mais de uma vez já fui chutado:
vou correr mundo e ver o que há por lá!”
Ficou sua mãe demolida de tristeza,
porém o pai falou-lhe com franqueza:
“É melhor mesmo que te vás daqui,
ao burgomestre foram até te denunciar,
já que o padre não quis te condenar
e muito insulto por tua causa eu já ouvi!”
“Então o senhor sente vergonha de mim?”
“Não, Pimentãozinho, a coisa não é assim:
o teu trabalho é esforçado e bem constante,
mas esse povo detesta o diferente
e alguns têm medo de ti, sinceramente,
algo de mau podes sofrer a cada instante!”
Deste modo, despediu-se deles o rapaz
e certa noite, com seu minúculo carcaz,
doze flechas e espadinha, tomou o seu caminho,
sem consigo levar grandes provisões:
colheria frutos e pescaria em ocasiões,
ou ratos do campo, mesmo sendo pequeninho!
Nereczinka 4 – 12 fev 2022
A sua força era desproporcional,
como a de um homem de tamanho natural.
“Sou Nereczinka!” – falou, a se orgulhar,
“Eu venço o mundo com esperteza e robustez,
tenho esses dons, a Natureza é que me fez,
de modo igual com a rapidez no caminhar!”
Já bem no início de sua peregrinação,
Nereczinha viu um osso sobre o chão
e por algum motivo, o segurou,
atravessado nos ombros, quase tendo
tamanho igual ao que já vinha mantendo,
igual a sua altura, o dito osso se mostrou!
Em pouco tempo, percebeu sua utilidade:
chegou um cão, cheio de curiosidade,
mas antes que o lambesse inteiramente,
o osso diante de seu focinho colocou,
o animal com alegria o abocanhou,
logo se pondo a roer tranquilamente.
Mas após algum tempo, veio um gato,
miando em ameaça sem recato,
já a demonstrar sua péssima intenção!
Nereczinha tirou flechinha do carcaz
e até o centro do focinho a flecha traz,
fazendo o bicho fugir em confusão!
Depois voltou, parecendo bem zangado,
o seu bigode bem erguido e eriçado:
o rapazinho lhe deu vasto puxão!
desta vez, o bichano desistiu,
não sabia o que era aquilo, porém viu
que não seria em nada uma fácil refeição!
Mas no outro dia, já teve menos sorte:
chegou uma águia de majestoso porte
e o empolgou com as garras, firmemente,
carregando-o bem acima da floresta:
para os filhotes banquete a ser de festa!
Estaria ele perdido, finalmente?
Porém sacou sua minúscula espadinha
feriu-lhe as garras com a grande força que tinha
e desse modo da águia se livrou,
porém primeiro lhe arrancou duas penas,
descendo ao solo em evoluções serenas,
até que em segurança aterrissou!
Bateu a poeira da roupa e o chapeuzinho
encontrou, meio amassado no caminho;
mas entendeu precisar ter mais cuidado:
melhor que andasse pelo meio do capim!
Já ía em frente, se locomovendo assim,
quando viu um gnomo sobre pedra assentado!