A FADA ARANHA 15/16
A FADA ARANHA XV – Revisado 25 jan 22
Finalmente, ela chegou a uma caverna,
e um guarda armado lhe impediu a entrada,
sua armadura completa, salvo um guante,
que reconhece, ao encontrá-lo diante...
“Leothar? Você sofreu a pena eterna?”
“Querida Leora! Eu a revejo, finalmente!...
Eu ainda vivo, mas sob feitiço bem potente!”
Ela avançou para cortar as suas cadeias...
“Não faça isso! São minhas próprias veias!
Esvair-me-ei em sangue, minha amada!...”
Leora abriu seu bornal e seu cantil
e lhe serviu Água de Angústia e Pão de Mágoa!
Suas cadeias se desprendem e ressecam...
“Como se encontra na terra dos que pecam?”
Do rei Leora lhe contou a missão vil
e ambos juntos para a frente vão,
após num beijo confirmarem sua paixão,
nessa caverna penetrando bravamente,
de cada lado a escutar chiar frequente,
e um estalar que pareciam pingos de água...
Encontram centenas de aranhas no lugar,
a maioria da nuance mais vermelha
e se aproximam, afinal, de imensa teia...
“Quem é você, que de mim não se arreceia?
E você, guarda, como pôde se soltar?”
“Majestade, por vós fui capturado,
mas por Leora fui agora libertado...”
“Só com três coisas: Angústia, Mágoa e Amor...
Mas por que veio até mim, sem ter temor?”
Curiosa indagou a imensa aranha velha...
“Senhora, vejo que tendes muitas filhas
e preciso que me cedais delas uma só...”
“Minhas filhas eu não dou por qualquer dote...”
“Do Rei Belezzar será a nova mascote...”
“E só por ele percorreu-me horríveis trilhas...?”
Então Leora toda a história lhe contou.
“Como lhe disse, minhas filhas eu não dou,
mas o que tem em seu cantil e seu bornal?”
“Só o Pão e a Água que sobraram no final...”
“Só aceito a troca por que lhe tenho dó!...”
A FADA ARANHA XVI – Revisado 26 jan 22
Depois falou: “De fato, eu deveria castigá-la
por minha sobrinha matar...” “Foi um acidente!”
“Porém não o foi. Você caiu numa armadilha:
Seu Belezzar quer desfazer-se de sua filha;
e à minha menina, talvez busque até matá-la...
Fiquem, portanto, vocês dois de sobreaviso!”
Lembrou-se Leora do mal contido riso
dos cortesãos, durante o julgamento,
enquanto davam à sentença assentimento:
Como era hipócrita essa malvada gente!
“E Grotschko, meu primo, como vai?”
“O Aranha Negra? Quando o vi, estava vivo
e na mais perfeita saúde parecia...
Até esqueci, mas um anel de seu pelo lhe trazia,
como prova do tratamento que lhe cai...”
Uma aranha pequena tomou o anel
e de teia revestiu-se, numa espécie de burel,
levando-o à mãe, que logo o devorou:
“É de Grotschko, sim, como o informou;
e pelo gosto, sei que ainda está ativo...”
“Pois outro anel lhe darei para mostrar
primeiro a Szlawko, o guarda do portão...
Fluella, entre dentro do bornal!...
O seu tio Grotschko não lhe fará mal;
quando crescer, com ele irá casar.
Uma aranha pequena obedeceu,
e na bolsa de Leora se escondeu;
Rotschella, o psicopompo, os levará; (*)
tenham cuidado, ou esse rei os matará;
não vão em paz, que só lhes dou inquietação!...”
(*) O condutor das almas.
A um sinal, lhes trouxeram criatura,
meio humana, meio ave ou animal:
“O psicopompo será de Szlawko o alimento;
para passarem, exigirá seu pagamento...”
Sob um braço, Leothar firme a segura.
“Não deem atenção a qualquer lamentar,
caso contrário, são vocês que irão pagar...
Mas um conselho lhes darei neste momento:
tenho poderes de grande encantamento;
pensem bem no que fazem, no final...”