O MENINO SEM CABEÇA CAP 12
O MENINO SEM CABEÇA XII – 13 dez 21
O médico era também taxidermista (*)
e executou a tarefa com presteza.
Rudolf pôs em si a cabeça com firmeza...
“Não sente dor?” “Dor em breve se conquista...”
“Porém não vai receber a recompensa!”
“Ora, não se preocupe, quero só o manto
e a coroa, para maior encanto
e mais a roupa que melhor em mim se adensa...”
(*) Empalhador de animais.
Esconderam o rei num armário bem à mão
e logo a tempo, porque chegou o vizir,
muito furioso por não poder nada assistir
e apresentando, feroz, sua petição:
“Majestade, recebi ontem sua ordem
de este médico falso esquartejar
e aqui está ele, sem nada mais recear:
é preciso impedir esta desordem!...”
“De forma alguma, pois ele me curou
e deverá ser por mim recompensado!”
Era Rudolf que falava do seu lado,
mas o Grão-vizir que fosse o rei acreditou!
Mas foi às ruas, com intenção de denunciar
que o médico havia enlouquecido!
Porém Rudolf já ao terraço havia subido
e de imediato, ali pôs-se a proclamar!
“Hoje eu suspendo toda pena de morte!
Minha enxaqueca se curou e era a dor
que me levou a cometer um tal horror:
ninguém mais há de sofrer a mesma sorte!”
Mas colocaram o cadáver sobre o trono
e o Grão-vizir foi de novo se queixar,
sem a cabeça do mago lhe falar:
só resmungava e careteava como um mono!
Isto não há de continuar assim!
Não me obedece mais e quer troçar!
Hoje de noite, eu venho me vingar!
Mas Rudolf convocou a corte, enfim,
sentado no trono, com a cabeça do rei,
o manto e os trajos da regalidade,
documentos mostrando com naturalidade:
“Meu herdeiro eu vou nomear, segundo a lei!”
“Já estou velho demais para casar
e estes pergaminhos me comprovam:
que o forasteiro é meu sobrinho, aprovam,
filho é de meu irmão morto na guerra!
Portanto, hoje o nomeio como herdeiro
e reitero agora minha proclamação:
não haverá mais em meu reino execução,
foi ontem enforcado o derradeiro!...”