O MENINO SEM CABEÇA XI
O MENINO SEM CABEÇA XI – 12 dez 21
“E que costume será esse, meu rapaz?”
“Tomar café em um ovo esvaziado...
Se permitir, eu ficarei tranquilizado
e aceitarei minha decapitação em paz...”
Ficou o rei bastante surpreendido
e ao mordomo ovo e café trazer mandou,
com ovos furados igual sempre tomou.
Rudolf demonstrou o costume ter seguido.
“Bem, bem, bem!...” O rei pegou outro ovo,
também cheio de café e assim bebeu.
“Se der certo, até quem sabe? será seu
o prêmio que mandei oferecer ao povo!”
Todos os cortesãos se surpreenderam
Como Rudolf, sem se queimar, bebera;
tentar a proeza ninguém antes se atrevera
e uns aos outros os olhos se cruzaram!...
“Bem, então vamos realizar a experiência!”
Disse o rei, mais ou menos convencido.
“Majestade, é um segredo já perdido,
não o posso praticar com assistência!...”
O rei mandou que o acompanhassem
a uma sala contígua. “Faça agora!”
Mandou cortar a cabeça sem demora,
sem perceber que entre os dois se combinassem...
Antes Rudolf explicara ao cirurgião:
“Use em mim o lado cego de sua espada,
que não fique a minha garganta machucada,
caso do golpe erre a precisão!”
Assim o médico acatou o seu pedido:
com um só golpe, a cabeça foi ao chão,
sem brotar sangue e sem qualquer lesão,
deixando o rei destarte convencido...
Rudolf continuou a se mover
e o rei, muito espantado, lhe indagou:
“Não estás morto?” Rudolf contestou:
“Estou bem vivo, como podeis ver...”
“Bem, nesse caso, vamos seguir em frente!”
“Primeiro tire o manto, Majestade,
deixe o pescoço em plena liberdade,
para a cabeça poder cortar-lhe rente...”
O rei assim deitou-se em um sofá
e ali o médico a cabeça lhe cortou
com um só golpe... mas o sangue borbotou!
Naturalmente, nunca mais respirará...
“Mas, Rudolf, eu não matei o rei?
“Não se preocupe, preserve bem o corpo
e a cabeça, não deixe nada torto:
a responsabilidade eu assumirei!...”