O MENINO SEM CABEÇA CAP 7
O MENINO SEM CABEÇA VII – 8 dez 21
Rosaflor encolheu-se, apavorada,
mas Fortinbrás era guerreiro bem valente,
mesmo não sendo lá muito inteligente
e em sua direção foi dando uma passada.
“Onde está a sua cabeça?” – repetiu.
“Não a tenho. Por isso foi que duvidei
que a pudesse cortar...” “Mas agora que jurei,
como o posso matar...?” Fortinbrás se confundiu.
“Já falei, nasci assim. Sou batizado,
não sou um truque desse velho feiticeiro,
foi só agora que o vi primeiro,
em nada fui por ele enfeitiçado!”
“Puxa vida!” – resmungou o cavaleiro
e lhe foi mexer nos bolsos do gibão:
“Guardou-a aqui, por acaso, mandrião?”
“Quem cabeça no bolso já viu guardar primeiro?”
“Nunca se sabe...” “O senhor já me jurou
e em troca tem meu próprio juramento:
sou sem cabeça desde o nascimento
e não conheço esse mago que matou!”
Então disse a Princesa Rosaflor:
“No princípio, eu fiquei muito assustada,
mas acredito em sua palavra empenhada,
esse coitado é inocente, meu amor!”
“Mas como veio aqui, sem ter cabeça?”
“É que eu saí andando pelo mundo;
eu vejo e ouço por mistério bem profundo...
Por tal razão, é preciso que lhe peça
essa cabeça do mago, porque já procurei
por toda parte...” “Pobre infeliz!”
O paladino, já um tanto comovido, diz.
“Se a quer tanto assim, eu lha darei.”
“Mas não vai transformar-se noutro mago?”
“Não, meu senhor. Eu não penso com a cabeça,
mas certamente posso servir-me dessa,
para comer e sentir gosto de um trago...”
“Então, pegue...” – Fortinbrás disse, convencido.
“Não vai precisar de que eu lhe alcance?”
“Não carece. Eu a pego num relance...”
E Rudolf então a ergueu, agradecido.
Colocou-a, com cuidado, no pescoço,
no qual ela se ajustou perfeitamente...
“Ora essa! Vejo o mundo diferente:
com dois olhos a perspectiva esboço
e ouço as coisas bem melhor agora!
Só não aprecio estar sentindo o cheiro,
o sangue do mago farejo bem ligeiro,
mas eu pretendo ir bem depressa embora!