O MENINO SEM CABEÇA CAP UM
O MENINO SEM CABEÇA I – 2 DEZ 21
Era uma vez um menino sem cabeça,
coisa bem rara que nascesse assim,
fosse um cabrito, teria logo um fim,
mas era humano e disso não se esqueça!
Quando nasceu, pensaram estar morto,
porém o ar nos seus pulmões mexia
e o pequeno coração também batia:
para espanto geral, não era aborto!
E realmente, para maior espanto,
logo o menino começou a chorar!
Não tinha nariz, como podia respirar?
Não obstante, emitia um forte pranto!
Alguns pensaram em até o enterrar,
porém sua mãe se opôs, com violência
e o seu pai demonstrou grande paciência:
“É nosso filho! Se der, vamos criar!”
“Mas como vai poder se alimentar,
se não tem boca?” Com o máximo carinho,
a mãe o trouxe para bem pertinho
e no pescoço foi seu seio colocar!
E para o espanto de qualquer pessoa,
um buraco logo ali se contraiu
e o leite materno ele engoliu,
como se fosse a coisa mais à toa!
E desse modo, o menino se criou
e bem depressa aprendeu até a falar!
Mas sem ter língua, sequer o balbuciar
seria impossível! Mas jeito ele arranjou
e ficou claro que escutava muito bem,
sem ter ouvidos! Mas como poderia?
Mais espantoso, ver ele conseguia,
mas sem ter olhos, como podia ver alguém?
Já começavam a dizer ser bruxaria,
mas o padre da aldeia era um irmão
do pai da criança! E batizou-o, então:
sem uma testa, o seu pescoço ungia!
E mais incrível, mesmo sem nariz,
era capaz de certos cheiros distinguir
e até um paladar se demonstrou possuir
ou, pelo menos, a história assim nos diz!
Aos quatro anos, revelou seu pensamento,
porém sem cérebro, como podia pensar?
Decerto seria por algum outro lugar:
mostrou carinho e até bom sentimento!
O tio padre, rezando com frequência,
ensinou Rudolf a ler e a escrever
e logo história e geografia conhecer,
até desenhar com certa proficiência!