Quadrados.

Quando eu era criança ainda

Não me ensinaram a olhar o céu

E chamar as pipas de "pipas"

Àqueles mágicos brinquedos

Eu dava o nome de "quadrados"

Em alusão à coincidência geométrica

Finas ripas de bambu,

papel de seda

e sonhos

A voar mais alto

Que o próprio urubu

Não havia e ainda não há

Qualquer outra coisa quadrada

A simbolizar

Com tanta desenvoltura

A liberdade

A simplicidade

E a ausência do medo de altura

Humildade de papel

A ganhar o céu

Ensinando

Que nem sempre

fragilidade é sinal de fraqueza

Se cada coisa tem o seu lugar

O lugar do quadrado é lá

Nos céus imagiários da minha infância

Pois as coisas simples

Sempre serão aquelas

belas lembranças

Que o tempo há de ensinar

Que ao final

haverão de ter

O lugar de maior importância.