O Horror de Um Guri!
Amambai das lembranças...
As boas são as que a gente mais relembra.
As ruins a mente deleta.
Mas, quando o papo esquenta.
Os fatos veem à tona.
A pipoca arrebenta.
A memória acende para tudo.
O horror é que nos deixa mudo.
Hoje, em uma cancha improvisada na Av. Pedro Manvailler.
Vi uma foto do passado.
Com guris desfrutando de uma pelada urbana.;
Veio a imagem de um passado remoto.
Um local de lembrança fúnebres.
Não na alegria de guris que corriam atrás da gorduchinha.
Mas, de fatos de pura tristeza.
Que relembram crimes em plena luz do dia.
Pelas vinganças que cegam a mente humana.
Daí despertei para meus horrores da infância.
Um corpo estirado na calçada de um bar.
Alvejado por um disparo certeiro.
Que levou o ser humano ao desvendar do além.
Que representou uma vingança matreira.
Alimentada por uma briga de outrora.
Executada por um fim inglório da vida humana.
Deixando mancha negra naqueles Céus de Crepúsculos.
Não apenas isso o desabrochar das memórias de horror.
Eu morava poucas esquinas da Pedro Manvailler.
Onde edificava-se o Hospital do Dr. Macedônio.
Um acidente com vítimas fatais levou uma família inteira.
Um veículo despencou numa ribanceira.
Lá pra bandas da Fazenda do senhor Juquinha.
Eu, curioso, fui ver as vítimas estendidas numa carroceria.
Mortos tinham sido levados na esperança de um suspiro.
Uns quatro corpos eu testemunhei no seu sono eterno.
Não dormi por dias...
Que mandou o despreparado guri ver o que não devia?
Noutro dia o guri desavisado viu um gritar alucinado.
Uma mulher sendo carregada em uma carroça.
Era tanto desespero!
Pessoas se ajuntaram para agarrar a provável vítima.
Eu, na minha, angústia juvenil vi uma pessoa sendo atacada.
Cheguei em casa aflito para revelar o feito.
Deixei todos preocupados.
Que nada! Notícia ali andava a galope...
Era só uma louca sendo carregada para ser medicada.
Não bastasse tudo isso...
Eu morava ao lado da Igreja Católica.
Era ali que potentes alto-falantes anunciavam uma morte.
O som se abria em um soar fúnebre de arrepiar.
Era a sinfonia da morte que começava a tocar.
Para saber quem ‘se foi’ bastava o silêncio para escutar.
Foi-se alguém da cidade para outra dimensão.
Era o ciclo da vida e morte que balançava meu coração.
Em um momento fúnebre que eu teria de me acostumar.
Afinal, a morte vem sem avisar!