O ESQUILO

O ESQUILO

Havia na floresta uma nogueira frondosa

Que atingida por um raio estava oca !

Um lindo esquilo achou-a maravilhosa....

E se apressou em fazer dela a sua toca.

Construiu com folhas secas o seu ninho

No tronco oco, causado pela fagulha.

A nogueira deu-lhe morada; e o danadinho

Ainda enchia com os frutos sua tulha.

Passou ali a morar solitariamente,

Lugar calmo, sereno, tranqüilo

Ali passava os dias, feliz e contente

O pequeno, irrequieto e lindo esquilo

Quando saía à procura d’outra comida

Sempre trazia nas bolsas de sua boca,

Reforço da provisão que recolhida

P’ra suportar o inverno em sua toca.

A comida estocada era bastante

E daria boa sobra certamente.

Não fosse o pedido que mais adiante

De seu compadre que se diria doente.

O inverno ainda mal se aproximava

Chegou seu compadre pedindo arrego!

Pois na primavera e verão que acabara,

Sua doença impediu-o de prover aconchego.

Condoído e, como o bom samaritano

Acolheu seu compadre, no novo ninho.

Prometendo no verão; em vil plano

Ajudar, nova estocagem, com carinho.

A provisão de grãos era abundante

Para um esquilo no inverno alimentar,

Com a chegada do compadre suplicante

De certo haveria privação; ia faltar.

Na seca, a comida era escassa e distante

Não dava tempo, de mais arrecadar.

E por mais que tentasse ir adiante,

Sempre voltava, sem nada para guardar.

O inverno chegou úmido e frio

O compadre de comer até sarou

Comia sem parar e sem fastio....

Até que um dia a provisão acabou !

O anfitrião foi em busca de comida

Achou pouca, com que mal se alimentou.

Enquanto o compadre ficou na torcida

Dum lauto almoço, como nunca se privou.

Do dia seguinte agastado pela fome,

Saiu, dizendo ir em busca de comida...

Chegou à noite não voltou, isto consome

O bom esquilo, que o acolheu e deu guarida.

Logo ao alvorecer, muito preocupado

Não cansou de procurar o seu compadre,

Correu por dias a fio, e, já cansado,

Ao passar perto da porta da comadre

Resolveu nela descansar ao fim do dia.

P’ra em seguida nova busca começar,

Lá chegando chamou-a com alegria !

E pediu, para aquela noite ali passar.

A comadre disse logo, vamos subindo

A toca é sua e ainda há provisões.

Surpresa. A comadre, estava-a repartindo,

Com aquele que buscava em todas regiões.

Na toca da sua comadre, igual ele falou:

Que chegou o inverno e em razão da doença,

Estava sem provisões; Nada arrecadou

Esta, condoída, acreditou na pretensa.

E como seu compadre, na toca acolheu

Com ele, dividindo suas provisões,

Se o inverno for rigoroso, meu Deus!

Sujeitou-se a também passar privações

O compadre percebendo o engodo

Confabulou à comadre o que ocorria

Esta, ao ver que ajudava um preguiçoso...

No dia seguinte, o esquilo despedia.

Moral da história:

Socorrer os que induzem amargura

Às vezes é sacrifício em vão!

É preciso analisar quem nos procura,

Antes de consultar o nobre coração.

Armando A. C. Garcia

São Paulo, 11 de agosto de 2004

Armando Augusto Coelho Garcia
Enviado por Armando Augusto Coelho Garcia em 17/11/2005
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