OS OLHOS DA PRINCESA -- CAPÍTULO SEXTO

OS OLHOS DA PRINCESA

CAPÍTULO SEXTO – 30 MAIO 2021

“Mas anda logo, conta o resto de tua história,

que aconteceu com tua princesa bela?”

“Bem, meu falcão arrancou os olhos dela

e então fugi da forma mais inglória,

aí encontrei esta árvore tão alta

e vim subindo até chegar aqui,

levei horas trepando, até que consegui,

em toda a vida, só cometi essa falta!...”

“Já entendi, mas os olhos... onde estão?”

“No meu bolso, senhor, bem guardadinhos...”

“Deixa-me ver se são mesmo bonitinhos...”

“Ai, meu senhor, não quero mostrar, não!”

Então o Mago Céu pôs-se a tossir

e se formou uma procela violenta,

a árvore balançava e Maugan se atormenta:

“Pare, senhor, que assim eu vou cair!”

“Qual é o problema? Eu apenas tossi...

Mostre-me os olhos da sua princesa!”

“O senhor me devolve, com certeza?”

“Como posso saber, se nem os vi...?”

Maugan mostrou os olhos para o Mago,

que estendeu a enorme mão e os agarrou

e bem ligeiro em sua túnica os pregou:

“Belos enfeites são para este meu afago...”

“Porém são meus, senhor, preciso devolver!”

“Mas não vê que estão lindos no meu manto?”

“Senhor Mago, quero quebrar o encanto,

para que de novo Flor de Espinheiro possa ver!”

Mas a tossir outra vez o Mago começou,

provocou forte borrasca e tempestade,

com raios e trovoadas à vontade

e finalmente a árvore inteira se quebrou!

Maugan caiu por horas, sem parar!

Quando pensou que iria morrer ao desabar,

sobre algo macio sentiu-se aterrissar:

era o rei que estava embaixo a esperar!

Ele mandara construir enorme escada,

para subirem em busca do ladrão,

de sentinela permanecendo na ocasião:

por sua barriga fora a queda atrapalhada!

“Mas quem és tu, que me atacaste agora?”

“Sou Maugan, senhor, o filho do falcoeiro!”

“Miserável ladrão!... Devolve-me ligeiro

os olhos de minha filha nesta hora!...

Está ocultando o lindo rosto com um véu

E não consegue mais conter o pranto!...”

“Não tenho mais, senhor. Pregou-os no manto,

que cobre a Terra inteira, o Mago Céu!...”