OS OLHOS DA PRINCESA -- CAPÍTULO QUINTO
OS OLHOS DA PRINCESA
CAPÍTULO QUINTO – 29 MAIO 2021
“Que fazes aqui?” – indagou um vozeirão.
“Desculpe, não sabia que o Sr. aqui estivesse...”
“E aonde mais querias que eu vivesse?
Sou o Mago Céu e esta é minha mansão.
Responde, então: o que fazes tu aqui?”
“Se eu responder, não vai me fazer mal?”
“Vai depender da consequência natural...”
“Então confesso: estou aqui porque fugi...”
“E fugiste assim de quê, posso saber?”
“Meu pai morreu e me recomendou
Que fizesse fortuna e o falcão me aconselhou.”
“Seu falcão fala? Não costumo conhecer
falcões falantes, mas o que lhe aconteceu?”
“Eu lhe disse que só tinha um desejinho:
queria casar-me com a Princesa Flor de Espinho,
a única vontade que à mente me ocorreu...”
“E por que querias casar-te com a princesa?”
“Porque é muito bela e tem olhos brilhantes...”
“Olhos brilhantes sempre são interessantes...
Estás vendo minha túnica longa e tesa?”
De fato, a túnica do mago recobria
a Terra inteira, de uma a outra ponta;
por toda parte nela se pesponta
multidão de luzinhas cintilantes de magia...
Maugan reparou que algumas mesmo pareciam
piscar para ele igual que fossem olhos:
“Quantas estrelas há nesses refolhos!...”
“São meus enfeites que deste modo reluziam,
porém ja foram os olhos de pessoas;
depois que morrem, no meu manto os prendo
e esse povo lá de baixo, os vendo,
chamam de estrelas, mas são de gentes boas.”
“Os olhos dos malvados brilham mal...
Não se dão conta de que sou o firmamento,
quando respiro é que provoco o vento,
a minha tosse origina o vendaval;
é quando eu suo que toda a chuva cai
e quando eu suspiro, se inicia a tempestade
e meus espirros são raios de verdade,
tudo o que eu faço por sobre a terra vai!...”