OS OLHOS DA PRINCESA -- CAPÍTULO TERCEIRO
OS OLHOS DA PRINCESA
CAPÍTULO TERCEIRO – 27 MAIO 2021
Peito Branco começou a caminhar
para cá e para lá, como enlutado,
depois voltou ao poleiro acostumado:
“E agora, Maugan, que queres realizar?”
“Não sei sequer se o rei me aceitará
no lugar de meu pai. Não sei mais nada,
minha vida de repente está parada,
não faço ideia do que me sucederá...”
“Ora, aos dezoito anos, todos têm
planos, sonhos, ao menos um desejo;
não posso te ajudar no atual ensejo
se qualquer pista não me dás também...”
“Ora, eu tenho um desejo pequeninho...”
“E qual será então, meu bom rapaz...?”
“Sei que é um desejo que não se satisfaz:
Eu queria me casar com Flor de Espinho...”
“Queres casar com a filha única do rei?
E ainda falas ser um desejo pequeninho!...”
“Acho que nunca irá ficar grandinho;
mas se casar com ela, um dia eu vou rei...
Não vai ser bom ser rei?” “Eu que não sei,
rei nunca fui... Dizem que a princesa é bem malvada.”
“É muito bela. Queria ficasse apaixonada
só por mim. Eu sempre a amarei...”
“Acho que nisso eu posso te ajudar:
vou arrancar os olhos da princesa
e te entregar. Ao ver que está indefesa,
talvez a possas convencer a se casar...”
“Mas a coitada não vai ficar cega?”
“Ela não vai enxergar, mas sei de um jeito
de lhe tirar os olhos sem defeito:
se os devolves, talvez amor por ti não nega...”
“Amanhã haverá uma nova falcoaria,
eu fiquei de levar as aves para o rei...”
“Pois leva-me também. O que fazer eu sei,
com um capuz, de mim ninguém desconfiaria...”
“Peito Branco, minha vida vais salvar!”
“Não sei, não. O contrário pode ser,
o rei talvez executar te vá querer,
talvez eu possa até tua morte provocar!”