OS OLHOS DA PRINCESA -- CAPÍTULO SEGUNDO
OS OLHOS DA PRINCESA
CAPÍTULO SEGUNDO – 26 MAIO 2021
Um dia triste, adoeceu o falcoeiro
e percebeu que seu fim se aproximava;
chamando Maugan, baixinho lhe falava:
“Meu filho, eu já vivi meu tempo inteiro,
Agora é tua vez de prosseguir em frente.
nada tenho para te deixar. Até a choupana
pertence ao rei. Contigo só se irmana
Peito Branco, tua herança inteiramente.”
“És um bom filho, busca a fortuna e adeus.”
Alguns amigos do pai o ajudaram
e num canto do cemitério o enterraram;
Maugan, envolto nos sentimentos seus,
julgou que estava completamente só;
nem sei se o rei me deixará aqui ficar...
Mas a seguir, foi capaz de se lembrar:
Não por completo. De Peito Branco tenho dó...
De fato estava bastante ressentido,
Pedira ao rei que o ajudasse a sepultar:
“Cada súdito que morre tenho eu de enterrar?
Maior problema percebo ter surgido:
para amanhã já planejei outra caçada,
você é capaz de aprestar os meus falcões?”
Maugan gelou ante essa falta de emoções,
mas prometeu os falcões para a empreitada.
Chegando assim ao poleiro dos falcões,
foi perguntar a Peito Branco o que faria...
“Caso eu soubesse, te aconselharia,
mas não sei quais as tuas intenções...”
“Mas então falas?” – indagou-lhe surpreendido.
“Teu pai que te treinou, a mim ensinou a falar.”
“Por que nunca antes eu pude te escutar?”
“Nada perguntaste, senão teria respondido.”
“Todo esse tempo, já são dezoito anos
e nunca ouvi qualquer falcão falar...”
“São uns burros. Só aprenderam a caçar,
teu pai até fez esforços sobre-humanos...
Mas onde ele está? Não o vejo por aqui.”
“Pai faleceu...” – disse Maugan tristemente.
“Ora, que pena! Mas acontece a toda gente,
Mas confesso lamentar muito que o perdi...”