Uma flor
A professora diz à criança:_ me faça uma flor, por favor?
Entrega a ela um lápis e papel somados a sua imaginação.
A criança senta em um canto, sozinha com a sua invenção.
Ninguém jamais a ensinou fazer o desenho, sequer a cor.
Em instantes: linha pesada, e outra absolutamente leve.
Tantas mais em todas as direções, com força e com vagar.
Papel e lápis em um namoro, a ponta no branco a beijar.
Prossegue; retas, curvas, transversais, a criança se atreve.
De repente vem com um sorriso inédito: olha a minha flor!
Nem era parecido, mas a palavra flor viajou por seu interno.
Era como se cada linha, cada cor se jogassem para o eterno.
Aquilo foi feito com inocência e presença sincera de amor.
Linhas que Deus extraiu da profundeza do seu caderno.
E conduziu os dedos e mente da criança num ato paterno.
Uberlândia MG
com base em: Almada Negreiros