O CURUPIRA

O CURUPIRA

A estória que vou contar

Não é minha criação

É folclore brasileiro

Das matas ou do sertão

Consta que na floresta

Havia um menino peludo

Dentes verdes, pés virados

Cabelos avermelhados

Criatura horripilante

Não fosse sua bondade

Dos animais vigilante

Tornar linda a fealdade

Conta a lenda que protege

Todo animal que lá habita

E quando um caçador herege

Que caça não necessita

Os bichos da mata imita

Ninguém o consegue ver

Assobia, grulha e grita

E da trilha o faz perder

Os que matam os filhotes

E caçam só por prazer

Judia-os passa-lhes trotes

Ficam loucos pra valer

Diz a lenda que certo dia

Curupira era o seu nome

Na floresta um índio dormia

E Curupira tinha fome

Então resolve comer

Do índio seu coração

Este acorda, ouve dizer

Vou fazer dele um lanchão

O índio apavorado

Pediu que os olhos fechasse

No bornal tinha guardado

Um coração de macaco

O índio apavorado

Fingindo medo não ter

- Teu olhar fique fechado

Que vou-te dar tal prazer !...

No bornal tinha guardado

Um coração de macaco

- Ao Curupira ofertado

Como se dele, fosse o naco.

O índio em troca pediu

Que o Curupira lhe desse

seu coração. Consentiu !

Com a faca o peito abriu ...

Porque havia acreditado

Que o índio nada sentiu !

Caiu morto, esticado.

O índio fujiu aterrado...

Jurando lá não voltar

Mal um ano se passou !...

Sua filha pediu um colar

Diferente qu’o povo usou.

O índio aí se lembrou ...

Verdes dentes do duende !

Ao tirar... o ressuscitou

- O duende, nada entende....

Quis retribuir a bondade !

Arco e flechas certeiras

Para caçar sem maldade

Foram as ordens primeiras.

E avisado não poder

Mais que para um apontar

Com bando, nunca mexer ...

Porque o iriam atacar

Um dia, todo emproado...

Quis mostrar ao povo inteiro

De nenhum disparo errado

Com seu atirar certeiro

Esqueceu o recomendado

Atirou num bando inteiro

Foi de tal forma atacado

Qu’nada sobrou do arqueiro

O Curupira tudo viu

Cheio de pena ficou

Com cola, os restos uniu

O índio inteiro montou

Em razão da tal colagem

Ao índio recomendou

Não comer ou beber quente

Se não derrete para sempre

Um dia sua mulher

Fez um prato apetitoso

Muito quente e o guloso

Se apressou em comer

Derreteu de uma só vez.

- A lenda quer nos mostrar

Que a caça predatória

Não se deve praticar.

Que Curupira só deixa

Caçar um para comer

E aquele que caça enfeixa

Da trilha o faz perder.

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Esqueci de acrescentar

Como Curupira tem pés virados para trás

Ninguém o consegue encontrar !...

S.P. 04/12/2004 -

Armando A. C. Garcia

e-mail: armandoacgarcia@ibest.com.br

Armando Augusto Coelho Garcia
Enviado por Armando Augusto Coelho Garcia em 15/11/2005
Reeditado em 22/08/2007
Código do texto: T71825