Boneca Emília
Uma boneca de pano,
De macela recheada,
Olhos de retrós preto,
Por Tia Nastácia criada.
Assim se deu vida,
À espevitada Emília
Para brincar com Narizinho
E ser parte da família.
No Sítio do Picapau Amarelo
Onde tudo é magia,
Narizinho viaja ao mundo encantado,
Emília lhe faz companhia.
Emília, no entanto, é muda,
Não consegue se expressar,
Até que o senhor Caramujo,
Uma pílula falante lhe dar.
Muitas palavras já usa,
Agora Emília é faladeira,
Filósofa, resmungona, matraca,
Inventando mil asneiras.
Mesmo falante e pensante,
Narizinho lhe coloca no bolso,
Quando Emília tem uma ideia,
Causa no sítio alvoroço.
Troca os nomes das coisas
Escreve suas memórias,
Ajudada por Visconde,
Inventa muitas histórias.
Diz que a vida é um pisca-pisca
A gente pisca, acorda pisca, dorme
Depois pisca uma última vez,
Morre e vira hipótese.
Emília tem vida própria
E é muita viajada
Da via láctea trouxe flor
E um anjo de asa quebrada.
Emília é inteligente.
É sua a grande invenção:
Criar um livro comestível,
Um livro para a boa digestão.
Lê o livro e depois come,
Quem não lê, também come o Livro-Pão
Para Emília o livro é alimento
Com gosto de sopa, tempero ou feijão.
Emília, a boneca de retalhos
É sonhadora e independente
Criada com muito carinho
Para viver na alma da gente.