Poema Para o Meu Cão Chamado Sabonete
Poema do Cão Sabonete
Silas Corrêa Leite
...Quando morreu meu peixinho Pagu, do aquário
O Pai me deu um perequitinho verde chamado Estrelário
Mas eu colecionava lagartixas verde-limão e joaninhas vermelhas
Que aquele papagaio mudo
Muito pouco significava de companhia, contudo, no cenário
...Quando fugiu o silencioso papagaio um belo dia
O Pai me deu um bonito gato carijó
Que se chamava Ludovico
Mas era um bicho orgulhoso que eu quase que pagava um mico
Na sua peregrinação rueira de caçador sempre noturno e só.
...O Pai sabido um dia me deu um belo Cão
Que logo o resolvemos chamar de Sabonete
Naquela hora ganhei um mundo de risos, brincadeiras e acontecências
E um verdadeiro amigo inseparável de molequices e vivências
Era Sabonete pra lá
Era Sabonete pra cá
Sob o pessegueiro florido cor de rosa chá
Era uma bagunça no quintal colorido
Tudo muito gracioso e divertido
Entre um camaleão, um esquilo, um ninho de João-de-Barro e um mandorová...
O cão Sabonete brincava muito comigo todo santo dia
No tapete do quarto vigiava meus sonhos enquanto eu dormia
Na porta da escola me esperava sair e alvissareiro latia
No banho auroral eu o enchia de espuma e jogava água fria
Que alegria!
Vigiava minha coleção de Lagartixas verdes todo orgulhoso
Não deixava moleque entrão de rua traquinas ou curioso
Bolir com minha enorme coleção de tantas Joaninhas
Brincar com minha antiga coleção de caixas de fósforos
Ou mexer na minha caixa de sapatos cheia de pedrinhas...
Um dia precisamos mudar de casa, de quintal e foi quando
Mudamos de rua, de bairro, e até mesmo de cidade fomos rodando
O caminhão de mudanças e eu da coleção de espelhos de minha mãe cuidando
E o Sabonete serelepe, feliz, na barulhança e contentenza com o rabo abanando.
O Sabonete se perdeu nas alegranças e rolou do caminhão
Gritei feito um super-herói, berrei, fiz um baita barulhão
Mas o veículo seguiu seu destino para longe, para outro estado
Que eu nunca mais eu vi o meu pobre Cão Sabonete...coitado.
Muitos anos depois quase meio jovem eu voltei
Para a cidade de Itararé de onde eu tinha mudado
E morando na pracinha um cão conhecido notei
O Sabonete: triste, magro, doente, meio que largado
Era um pouco ajudado pelos taxistas
Era um pouco olhado pelo zelador
Era um pouco alimentado pelo jardineiro
Mas faltava um fiel dono e companheiro
Que o cuidasse inteiro com verdadeiro e puro amor.
Então chorando gritei para aquele maravilhoso cachorro querido
Que levantou uma orelha, tentou saber-me, cheirando-me de longe como todo seu
Veio vindo devagarinho, olhos com lágrimas, muito entristecido
Latiu fraquinho, lambeu meu carinho, deitou-se ao meu lado e depois morreu...
Agora que eu sou quase moço e bem crescido como um cidadão
Ainda lembro o Sabonete e o imagino com saudade e emoção
Sonho que ele é estrela lá no céu, e lá tem paz, osso de nuvens e amor
Talvez até brincando eternamente no colo iluminado de Nosso Senhor
Quando eu tiver um herdeiro um dia, um belo filhão
Vou contar a história do Sabonete, meu dourado cão
Se eu chorar, ele há de sentir lá dentro do coração
O que é mesmo ter um verdadeiro Animal de Estimação
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Poeta Prof. Silas Corrêa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
Membro da UBE-União Brasileira de Escritores
Autor de Campo de Trigo Com Corvos, Contos
Editora Design, 2007
Site: www.itarare.com.br/silas.htm