Doce lembrança
Doce lembrança
Do tempo de criança.
Não se tinha nada,
Nem mesmo o conto da fada.
Aos domingos vestia-se uma calça.
Ficava grande, mas punha-se uma alça.
Ia arrumadinho para a missa,
Mesmo estando com preguiça.
Escutava o padre falando,
E o menino ao lado xingando.
Queria que a missa acabasse rapinho
Para ele jogar bola no campinho.
A catequista punha as crianças para frente,
Fazia que elas cantassem de alma presente.
Alguns fingiam cantar
Para a música lhes despertar.
Quando o padre dava a bênção final,
Parecia que estava na capital.
Era gente correndo para todo lado,
Pensando na sobremesa, o melado.
Na mesa, como um banquete,
Tinha arroz, feijão e macarronada. O porrete,
Se não comesse, era a ordem do dia.
Engolia tudo, mesmo quem não podia.