UM MENINO E A INSPIRAÇÃO
Na sala de aula, sem professor,
Mantinha ele os pés no chão.
Mas a mente vagava naquela aula vaga.
Enquanto o professor não entrava em sala,
Sua imaginação,
Por onde queria,
Saía e entrava. Sem pedir permissão.
O corpo, sentado na cadeira.
Os olhos, viam coisas materiais.
Caderno, mesa, caneta, chão azulejado, lousa, ventilador quebrado,
E os alunos correndo e falando alto... livres.
Ele, ao tocar na caneta,
Tocando-a no papel da última folha de caderno,
(Que o estado "deu"),
Sua alma voou,
E sua visão enxergou o que só ele via.
A prosa e o verso, as palavras, que não foram dadas pelo Estado,
Todas escondiam um mundo paralelo.
Escrevendo a caneta virou varinha mágica,
Ou o cetro de um rei,
Ou um poderoso cajado,
E tudo poderia ser e fazer o que ele quisesse.
Ali, (ou fora dali... ou fora Dali?)
Subverteu sentidos, significados.
Também aumentou a força de cada um deles.
Criou um sexto sentido. Novas línguas.
Virou "deus" sendo homem... pois virou homem,
Sendo menino.
Ali... Na sala de aula... vaga.
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Aproveitando a interação com DIOGENES LESSA no seu texto BLOQUEIO POÉTICO.
Esse poema me veio enquanto eu fazia estágio observando uma sala da sétima série de uma escola pública.