UM MENINO E A INSPIRAÇÃO

Na sala de aula, sem professor,

Mantinha ele os pés no chão.

Mas a mente vagava naquela aula vaga.

Enquanto o professor não entrava em sala,

Sua imaginação,

Por onde queria,

Saía e entrava. Sem pedir permissão.

O corpo, sentado na cadeira.

Os olhos, viam coisas materiais.

Caderno, mesa, caneta, chão azulejado, lousa, ventilador quebrado,

E os alunos correndo e falando alto... livres.

Ele, ao tocar na caneta,

Tocando-a no papel da última folha de caderno,

(Que o estado "deu"),

Sua alma voou,

E sua visão enxergou o que só ele via.

A prosa e o verso, as palavras, que não foram dadas pelo Estado,

Todas escondiam um mundo paralelo.

Escrevendo a caneta virou varinha mágica,

Ou o cetro de um rei,

Ou um poderoso cajado,

E tudo poderia ser e fazer o que ele quisesse.

Ali, (ou fora dali... ou fora Dali?)

Subverteu sentidos, significados.

Também aumentou a força de cada um deles.

Criou um sexto sentido. Novas línguas.

Virou "deus" sendo homem... pois virou homem,

Sendo menino.

Ali... Na sala de aula... vaga.

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Aproveitando a interação com DIOGENES LESSA no seu texto BLOQUEIO POÉTICO.

Esse poema me veio enquanto eu fazia estágio observando uma sala da sétima série de uma escola pública.

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 24/03/2020
Reeditado em 24/03/2020
Código do texto: T6895972
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