Poema para os meninos da minha janela
Da minha janela vejo meninos
Um deles tem olhos azuis
O outro é magro e sorri bastante
Alguns mais soltam balões
Brincar, chorar choro sem lágrimas ou ser menino apenas
E eu que sinto tudo isso como se já não quisesse sentir
Porque sentir tudo isso me deixa febril e adoeço
Eu, de tudo e de nada, nunca aprendi a sentir coisa alguma, coisa alguma
Não gosto de guardar lembranças, porque fui criança como
Qualquer outra: sorri e chorei quando tive vontade, desavergonhada de mim
Ademais não sei ser-me
E está à janela vendo meninos é um pouco do que habita em mim
Casinha solitária com jardim de uma só flor, de uma só flor apenas
É um pouco de mim, sim um pouco de mim que dorme
Logo a chuva da minha infância não tarda e relampeja nas minhas sensações
É preciso fechar a janela da minha casa
Descuidada, desordenada, desassossegada eis que esqueço-me: na minha casa não há janela.
Da minha janela vejo meninos
Um deles tem olhos azuis
O outro é magro e sorri bastante
Alguns mais soltam balões
Brincar, chorar choro sem lágrimas ou ser menino apenas
E eu que sinto tudo isso como se já não quisesse sentir
Porque sentir tudo isso me deixa febril e adoeço
Eu, de tudo e de nada, nunca aprendi a sentir coisa alguma, coisa alguma
Não gosto de guardar lembranças, porque fui criança como
Qualquer outra: sorri e chorei quando tive vontade, desavergonhada de mim
Ademais não sei ser-me
E está à janela vendo meninos é um pouco do que habita em mim
Casinha solitária com jardim de uma só flor, de uma só flor apenas
É um pouco de mim, sim um pouco de mim que dorme
Logo a chuva da minha infância não tarda e relampeja nas minhas sensações
É preciso fechar a janela da minha casa
Descuidada, desordenada, desassossegada eis que esqueço-me: na minha casa não há janela.