CRIANÇA NÃO SABE O QUE É SOLIDÃO
Brincadeira de criança só quer um pé.
Sozinha, a menina se senta ao chão,
perto de uma poça d´água.
Água parada, que diz ser um rio.
"Mas água de rio não para,
essa poça deveria ser maré!"...
Não escuta, toma uma folha de papel
pra fazer uma réplica da Arca de Noé.
Supõe faltar mais algum animal
para embarcar nesse barquinho.
Aí, desenha um estranho pardal,
Parece mesmo é com uma ave pré-histórica...
Quem sabe, um pterossauro !
Ah, sim! Era só o que faltava !...
Não é que ela quis também salvar naquele barco
todo o reino vegetal representado pelo exotismo de alguma planta natural!...
Planta que animal consome,
só assim nenhum deles morreria de fome !
Então, abaixo da ave, pinta uma plantinha
de outra era, quase colada.
Relação simbiótica:
a única sequóia sobrevivente,
completamente diferente,
nascida com o Sol nascente...
Nuvens?
Sim, o cenário também as visualiza.
Um dia lhe disseram que eram algodão doce.
Astuta, traz algodão da gaveta da mãe e
dependura os flocos, ou tufos alfinetados,
na toalha da mesa, ainda forrada.
Espalha açúcar sobre cada porção:
nuvens açucaradas que o crepúsculo saboreia.
Depois de tanto maná lambido no Céu,
o crepúsculo agradece em prece,
e adormece.
Faz-se a noite sobre as águas.
Ela percebe que anoitece
e espalha pequenas boias amareladas e avermelhadas
que parecem clarejar duas eras distintas.
Eras que, no seu desenhar, se confundem
embelezadas num mesmo mundo,
dia e noite, sob um mesmo céu:
o mundo solitário da pequena Isabel...
/////////////////////////////////////// Belíssimo o teu poema "Caixinha de música" caro Camilo. A gente se sente viajando com Isabel em seu mágico barquinho de papel e acaba comentando sua estripolia com outra poesia. __________________________________________
Para o texto: CAIXINHA DE MÚSICA I (T6423357)
De: Camilo Jose de Lima Cabral
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