Esperando o pai na varanda.

Noites de infância

Lembranças que não são nem minhas

Crianças tem o poder

De volta e meia

Alegrar-se de alegria alheia

Janela da varanda

Noite, lanternas, neblina

A luz do mundo é uma vela acesa

Gente conversando

Sob as luzes do poste da esquina

Conversa que não dá pra ouvir

Eu na varanda

Esperando pai que não chega

Quando a mãe manda ir dormir

E quando mãe manda, ela manda

Mais outro dia

Menos um dia de infância

Noite quente

Amanheceu

E o pai já foi trabalhar

Vou esperar outra noite, ainda

Pois criança tem essa maneira, muito linda

Volta e meia

Ficar triste de tristeza alheia

Sentir tanto medo do inexistente

A ponto de não perceber

Que realmente ele existe.

Edson Ricardo Paiva.