Francisco
E quando o dia ainda não amanheceu
Ele estava lá de pé
Pisando nas folhas e lendo as estrelas
Num canto que era seu
Sonhava estar lá
Viajar numa jornada
Via naves e vidas
Guerras contidas
Estrelas escondidas
Lembranças vividas
E eram só quatro da madrugada
Amanhecia, ia pra escola
O cansaço ainda não conhecia
Com os amigos que o escolhiam
Corria jogar bola
Estudava interessado
Pedia à professora que repetisse
Pedia aos meninos que rissem
Pedia às meninas um abraço
No caminho de volta pra casa
Desviou-se pelo mais longo
E com mochilas no ombro
E borboletas no estômago
Acompanhou sua amada
Não querendo, chegava em casa
E revia as matérias no computador
Raramente se fazia de ator
Se seus olhos cansavam, parava
E voltava a ler, o que quisesse fazer
Sua mãe o chamava à mesa
Ficou animado
Nunca havia provado
Torta de framboesa
Moscas vieram em volta
E uma parou à sua frente
"quantos olhos, quantas lentes!"
E se põe a pensar em voar
E ver todo tipo de gente
A casa ficou pequena
Para tanta vontade e energia
E corria, e corria, e corria
De casa à Estrada das Penas
Voltou pra casa e dormiu no sofá
Eram apenas 7 horas
Mal teve tempo de tirar as botas
Mal ouviu sua mãe reclamar
E acordou de madrugada
"Chico Madruga", disse consigo
Nem sentiu falta de amigos
Curtiu suas próprias piadas
E olhou pela janela
Eles estavam lá de novo
Girando ao redor do seu mundo
Tirando seu medo noturno
A brisa gelada no rosto
O som de vento passando
Aves brincando
O silencio esmagando
E por mais amigo que fosse
E presenças que causava
Era exatamente naqueles momentos
Que a sua alma estava