Francisco

E quando o dia ainda não amanheceu

Ele estava lá de pé

Pisando nas folhas e lendo as estrelas

Num canto que era seu

Sonhava estar lá

Viajar numa jornada

Via naves e vidas

Guerras contidas

Estrelas escondidas

Lembranças vividas

E eram só quatro da madrugada

Amanhecia, ia pra escola

O cansaço ainda não conhecia

Com os amigos que o escolhiam

Corria jogar bola

Estudava interessado

Pedia à professora que repetisse

Pedia aos meninos que rissem

Pedia às meninas um abraço

No caminho de volta pra casa

Desviou-se pelo mais longo

E com mochilas no ombro

E borboletas no estômago

Acompanhou sua amada

Não querendo, chegava em casa

E revia as matérias no computador

Raramente se fazia de ator

Se seus olhos cansavam, parava

E voltava a ler, o que quisesse fazer

Sua mãe o chamava à mesa

Ficou animado

Nunca havia provado

Torta de framboesa

Moscas vieram em volta

E uma parou à sua frente

"quantos olhos, quantas lentes!"

E se põe a pensar em voar

E ver todo tipo de gente

A casa ficou pequena

Para tanta vontade e energia

E corria, e corria, e corria

De casa à Estrada das Penas

Voltou pra casa e dormiu no sofá

Eram apenas 7 horas

Mal teve tempo de tirar as botas

Mal ouviu sua mãe reclamar

E acordou de madrugada

"Chico Madruga", disse consigo

Nem sentiu falta de amigos

Curtiu suas próprias piadas

E olhou pela janela

Eles estavam lá de novo

Girando ao redor do seu mundo

Tirando seu medo noturno

A brisa gelada no rosto

O som de vento passando

Aves brincando

O silencio esmagando

E por mais amigo que fosse

E presenças que causava

Era exatamente naqueles momentos

Que a sua alma estava

Douglas Aguilar
Enviado por Douglas Aguilar em 03/04/2017
Código do texto: T5959712
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