O Mestre Vagalume
Certa vez perdi o sono
e abri a minha janela.
Era uma noite de outono
e uns sons entraram por ela.
Foi então que eu percebi
uns insetos reluzentes.
Prestando atenção ouvi
um professor eloquente.
"Alunos, plateia amada,
que ninguém nos aborreça!
Só nós entre a bicharada
temos luzes na cabeça!
Eu afirmo que uma vez
conversei com rouxinol.
Imagine a insensatez!
Ele diz que existe um sol!
Diz que há um mundo diferente
Não da noite mas do dia.
Dia é luz resplandescente
enquanto a noite é sombria.
Oras, sem o vagalume
a luz não pode existir.
Nem no prado e nem no cume,
nem hoje e nem no porvir.
Tudo que eu peço, senhores,
é que guardem a tradição.
Nós somos os detentores
de toda a iluminação".
Enfim de tanto falar
o mestre sentiu-se fraco.
Fez a turma dispersar
cada qual pro seu buraco.
Logo mais o sol surgiu
e iluminou todo o mundo.
Vagalume nenhum viu.
Estavam em sono profundo.
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Grata pela interação do poeta Oklima:
"Perfumosa flor do campo,
da noite amante do amor,
deu-se à luz de um pirilampo,
à falta de um beija-flor.