As PALAVRAS E O POETA
AS PALAVRAS FUGIRAM DAS MÃOS DO POETA;
SE ESPARRAMARAM POR AÍ, NÃO SEI ONDE ;
FORAM DAR UM PASSEIO JUNTAS NO BONDE;
E SE PERDERAM TALVEZ NA RUA DO CONDE.
RUA DE MUITA MOVIMENTAÇÃO E PERIGO;
IMPRÓPRIA PARA GENTE ASSIM, CABISBAIXA
NÃO ACOSTUMADA LONGE DO SEU ABRIGO.
E PARA ELAS TODO MUNDO É SÃO AMIGO.
AS PALAVRAS FICAM ASSIM MESMO SEM JEITO
DE DIZER QUE ESTÃO, POR ACASO PERDIDAS;
ELAS TEM MUITO MEDO ATÉ DO PRECONCEITO
OU DE GENTE PERIGOSA QUE QUER TIRAR PROVEITO.
ENTÃO, ELAS SE ESCONDEM NO GROSSO DICIONÁRIO
E O POETA VAI, TRANQUILO BUSCÁ-LAS UMA A UMA
COM MUITA DELICADEZA COMO SE FOSSEM PLUMA.
E EM CADA ESTROFE, EM CADA VERSO ELE AS ARRUMA.
ELAS DÃO BASTANTE TRABALHO, MAS O POETA ACOSTUMA.