As PALAVRAS E O POETA

AS PALAVRAS FUGIRAM DAS MÃOS DO POETA;

SE ESPARRAMARAM POR AÍ, NÃO SEI ONDE ;

FORAM DAR UM PASSEIO JUNTAS NO BONDE;

E SE PERDERAM TALVEZ NA RUA DO CONDE.

RUA DE MUITA MOVIMENTAÇÃO E PERIGO;

IMPRÓPRIA PARA GENTE ASSIM, CABISBAIXA

NÃO ACOSTUMADA LONGE DO SEU ABRIGO.

E PARA ELAS TODO MUNDO É SÃO AMIGO.

AS PALAVRAS FICAM ASSIM MESMO SEM JEITO

DE DIZER QUE ESTÃO, POR ACASO PERDIDAS;

ELAS TEM MUITO MEDO ATÉ DO PRECONCEITO

OU DE GENTE PERIGOSA QUE QUER TIRAR PROVEITO.

ENTÃO, ELAS SE ESCONDEM NO GROSSO DICIONÁRIO

E O POETA VAI, TRANQUILO BUSCÁ-LAS UMA A UMA

COM MUITA DELICADEZA COMO SE FOSSEM PLUMA.

E EM CADA ESTROFE, EM CADA VERSO ELE AS ARRUMA.

ELAS DÃO BASTANTE TRABALHO, MAS O POETA ACOSTUMA.

Lindalva
Enviado por Lindalva em 06/06/2016
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