Esconde-esconde
Para Sebastião Ribeiro Filho
Era de noitinha....
O tio em casa chegou
Com seu macacão preto
E sujo de graxa....
Mas provocou o sobrinho
Pra brincar de esconde-esconde.
O menino achou graça,
Pois esconder não via onde.
- Ora, ora, meu sobrinho
Escondo em volta da casa...
Posso ir para aquela árvore,
Mesmo assim sem ter asa.
Se eu subo esta escada
Na nossa laje me escondo.
Você sobe, me acha...
Vai fazer o seu estrondo...
Guarde então, meu bom menino,
As dicas do tio amigo
Me encontre no meu destino...
Depois eu busco o seu abrigo.
Tape então os seus olhinhos
Pra depois me procurar...
Atenção, ó meu sobrinho.
Espere eu dizer já...
O menino em disparada
Sobe à laje, que está vazia...
Lá no canto, acomodada,
Só enxerga uma bacia.
Debaixo dela não está,
Homem grande é seu tio.
Mesmo assim foi até lá
E só viu tudo vazio.
Atrás do pássaro-tio
Vai correndo pro terreiro
Olha pra cima, dá um assobio
E observa o abacateiro.
Nada nada de seu tio,
Mas que homem bem matreiro!
Lembra então de contornar
Da casa do esconde-esconde...
A extensão de seu passeio.
Corre, corre, mas não acha...
Corre, corre, mas não acha...
Já cansado, para e pensa...
Olha pra frente, olha pra trás.
- Que maçada! Que diacho!
Só não olha bem pra baixo.
Assim nervoso pisa o solo.
Seu pezinho de criança
Vai de encontro ao coração
Do tio que em gargalhadas
Sai da fossa, sai do chão...
Ali no ladinho do passeio
O tio se acomodara...
E com seu uniforme preto
Muito bem se disfarçara.