AI VEREMOS SE SERÁS
Manhã na praça:
Atento caminhava
Um bonito gatinho
Meio preguiçoso
Parecia um caçador
De presa matinal.
Não se sabia se
Iria caçar ratos
Na lixeira da praça.
Com unhas e dentes
Bastantes afiados
Só sei que o danado
Parou debaixo
De uma árvore
Bigodes largos
E olhares aguçados bem fitados.
Olhando para cima
Olhando para os lados
Faminto mas parecia resignado.
Porém aparentava dizer com firmeza
Aquele coitado cantador:
Estou a ouvir sua canção
Pena que se você cair daí
Desse galho seco
Eu lhe almoço com maior prazer.
Então o rouxinol
Que cantava em ré menor
Desconfiado bateu asas e se mandou...
Foi cantar em outro lugar
Longe daquele gato faminto
Que simplesmente resmungava:
Que pena!Perdi minha viagem
Já vi que és bem esperto e difícil de vacilar
Mas qualquer um dia desse chego na frente
Aí veremos se serás
Mas esperto do que minhas garras
Quando eu de te mim aproximar.
JOSÉ ANTONIO SILVA DA CRUZ
Salvador,19 de fevereiro de 16