Inaê dos cabelos cacheados
Era uma vez
uma menina chamada Inaê.
Seu nome significa Iemanjá,
a deusa africana que é a rainha do mar.
Como foi a primeira neta
dos dois lados da família,
Inaê, quando era bebê,
sempre foi muito paparicada
pelas suas tias,
que se revezavam para lhe fazer companhia.
Ela adorava cantarolar:
"A Chiquinha é baixinha,
có, có, có!
Rasta a saia pela lama,
có, có, có!
Ela é meu bem,
ela é meu bem,
se ela morrer,
eu fico sem ninguém."
Devia ter o sangue muito doce,
porque os mosquitos não lhe davam trégua.
E as mordidas inchavam tanto,
que o negócio era sua mãe passar o "poglócio",
como Inaê falava o nome da pomada Hipoglós.
Hoje ela é uma moça linda,
muito esperta e que não dá ponto sem nó.
Ela batalha no trabalho,
corre e joga futebol.
Sempre mignonzinha,
calça 35 e, às vezes fica brava,
porque tem que procurar seus sapatos,
com muito afinco.
São Paulo, 13 de janeiro de 2016