O FOLHARAU

Andando na floresta,

O caçador com fama de predador,

Viu os animais reunidos

E pensou: Obaa! Aqui tem carne de valor!.

A bicharada não se entendia,

Era uma conversa, uma gritaria,

A onça bateu na sapopema com um pedaço de pau,

Mas a turma continuou com o barulho infernal.

Cada um na sua língua,

A passarada numa revoada,

Anunciou o grande mal.

O caçador bem de mansinho,

Mirava em um coelhinho,

Que distraído não ouviu o sinal.

Era bicho correndo sem rumo

Quem viria os socorrer?

A onça foi atocaiada,

Não teve tempo de se defender.

Mas lá longe um grito se ouviu,

Que bicho é esse? Gritou o tamanduá.

Não importa disse o tatu se vier pra nos salvar.

De repente por de trás de uma árvore,

Aparece um ser mais alto que o Mapinguari,

A cutia já assustada pergunta: quem tu és afinal?

Responde o bicho com voz de locutor de jornal.

Sou o ser mais sábio da floresta,

Venho do ventre da terra,

Sou o bicho folharau.

O caçador pensando ser um espírito encantado,

Saiu feito bala, deixando a sua arma de lado,

Abriu numa carreira sumindo no meio da clareira.

Quando viu que tudo estava acabado,

Caiu rolando no chão, rindo quem nem um abobado,

Desfez-se das folhas mostrando seu rosto melado.

Sentou para contar sua mais sábia ideia,

Os animais chegaram para ouvi-lo falar,

Disse que não era bobo, mas sabia que era fraco,

Pediu o mel da abelha, e juntou folhas do chão,

Fez um melado e misturou com tabaco,

Grudou as folhas no corpo e ficou bem grandão.

Quem é esse bicho? É o brincalhão do macaco.

Salvou a bicharada e a festa deu continuação.

Salve o folharau! Espantou até a extinção!

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 10/08/2015
Reeditado em 06/02/2016
Código do texto: T5341602
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