JOÃO DE BARRO NAMORADOR
Lá ia ele catar gravetos na beira do rio,
Que trazia no biquinho misturado com barro,
Pois seu propósito era construir a casinha,
Escondidinha bem no toco da árvore,
No galho seco protegido do vento.
Fazia os montinhos com esmeroso cuidado,
E como caprichoso arquiteto da natureza,
Parecia até conhecer as misturas necessárias,
Para dar sustentação nas paredes de barro,
Levantadas aos poucos com extremo cuidado.
Ganhava formas arredondadas externamente,
E seu biquinho ágil colocava todas as misturas,
Que aos poucos se convertia em obra de arte,
Como se fosse o mais hábil dos artesões,
Pois tinha o propósito de ali fazer sua morada.
Depois de concluída a parte visível da casinha,
Cuidou de fazer o interior cheio de segredos,
Pois ali seria um cantinho onde poderia cortejar,
A namoradinha que tudo observava bem escondidinha,
E para isso um aconchegante espacinho preparava,
Com painas macias que colhia em suas andanças.
Terminou sua casinha que despertava admiração,
Dos passarinhos que emitiam lindos gorjeios,
Mas não sabiam construir ninhos aconchegantes,
E o joão de barro que não tinha esses predicados,
Era admirado pela sua habilidade de arquiteto,
Que até o homem jamais seria capaz de imitar,
Depois em galanteios com seu canto estridente,
Convidou a namoradinha para fazer uma visitinha,
Na casinha convidativa toda cheia de enfeites,
E um ninho bem macio onde poderiam namorar,
Se acasalando para que pudesse botar os ovinhos,
E filhotinhos nasceriam para perpetuarem a espécie.