lágrimas de açúcar
chegando em casa cansada
depois de mais de um outro dia
com tantas folhinhas às costas,
formiga encontra o marido
se empanturrando de mel.
- será que tu não toma jeito!
vais acabar diabético.
- que comportamento anti-ético!
acaso não sabes que o doce
é a nossa predileção?
- pensei que ela fosse
o amor,
que já não sabes fazer.
- depois de todo esse tempo...
podia ser diferente?
- não sei se tu falas de sexo.
falo de flores somente,
de passear de mãos dadas,
de nos consolarmos
sentados
no banco de algum jardim...
o formigão ao ouvir
aquele discurso cruel,
parou o que estava fazendo,
largou o pote de mel
e foi lá pra dentro chorar
lágrimas cheias de açúcar...
Rio, 14/12/2006