Rei Moribundo
Num reino encantado,
Cheio de fantasias,
Um leão amedrontado
Chegava ao fim de seus dias.
Era triste o seu estado.
Que tamanha ironia!
O rei, abandonado,
Morrendo em agonia.
Quem o via agonizando
Recordava a regalia
Que o leão moribundo,
Quando jovem, usufruía.
Seus súditos, satisfeitos,
Homenagens lhe prestavam.
Perdoavam seus defeitos
E até o endeusavam.
Mesmo os que o odiavam
Lhe demonstravam respeito.
Quando o viam, se esquivavam.
Era sempre desse jeito.
Animais mais corpulentos,
Como o urso e o elefante,
Reconheciam os talentos
Do temido governante.
Porém, à beira da morte,
O ex-todo-poderoso
Já não tinha a mesma sorte:
Ficara fraco e medroso.
Temia a bicharada,
Sua sina dava dó:
Estirado na estrada,
Morrendo covarde e só.