Reino Infantil
Fui criança,
Sou criança,
Criança serei,
Eternamente!
Lembro-me do pião,
Como rodava meu coração,
De alegria!
Recordo-me das pipas
Brincando nas nuvens,
Lá em riba!
Oh! Como o tempo
Levou embora meus folguedos
E tudo agora é outrora!
Revivo o pular de cordas,
O esconde-esconde,
O esconde a peia...
Hoje as horas parecem mortas,
Mas na memória ficou a horta
Onde plantávamos felicidade!
Brincar de médico...
Muitas vezes fui o doutor;
Noutras, o paciente!
Eu, aquele menino carente
E um coração repleto de amor!
Solto pelas campinas
Sem preocupar-me com rotinas
Que fazem da garotada de hoje
Indivíduos indiferentes,
Presos diante duma tela
Levando uma vida virtual...
Relembro dos terrenos baldios
Onde o balão de couro corria vadio
De pé em pé
E a festa terminava
Num contentamento de olé!
Os tempos mudaram...
Inocência virou malícia,
A droga tornou-se delícia,
A violência soterrou a ingenuidade...
Porém em minha mente
A imagem está sempre viva,
Minha infância não foi consumida
Pelos desajustes do progresso
E vou levando a existência adiante,
Deixando a criança que em mim
Nunca morreu
Jogar as bolas de gude,
Dormir abraçado a Morfeu
E sonhar... sonhar...
Porque a noite decola
E tenho de levantar cedo
Para ir à escola!