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A CONVALESCENTE
 
 

Convalesce-me a cadela.
Pobre Hanna, doentinha,
não tem forças como tinha,
e eu sinto tanto por ela!...
 

Hanna já foi bem vivinha.
Agora, nem nos faz trela,
não parece mais aquela,
só da sala à camarinha.
 

Pobre poodle, já velhinha!
Perdeu demais da cadela
que fora dantes tão bela
e nem sequer me acarinha.
 

Hoje em dia se acautela:
só dorme demais, ceguinha,
e meio que nem caminha,
tanto da idade a sequela.
 

Gente também tem morrinha,
quando à velhice se atrela;
cai da vida na procela,
embarca e se vai da rinha.
 

Hanna, minha cadelinha,
tu ficas muito na cela
como reclusa donzela,
um ser que sei que definha.
 

Para mim, és sempre bela,
e tu serás queridinha,
porque demais, muito minha,
mesmo sem vista e banguela!
 

Na idade, cais na esparrela,
que nem pessoa lindinha;
todo humano sai de linha,
quando em modorras se atrela.
 

Oh, não te vás, pobre Hanna,
minha amiga... de verdade!
Sete dias por semana
tenho a ti por amizade.
 

Fort., 26/01/2014.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 26/01/2014
Reeditado em 26/01/2014
Código do texto: T4665369
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