Aquele menino
Aquele menino pobre
Vem de uma família nobre
Mas não teve distinção
Num ambiente restrito
Vivera como precito
Sem nenhuma proteção
Não teve infância bela
Longe da casa singela
Cantara seu sofrimento
Um verdadeiro andarilho
Para o mundo um peralvilho
Para Deus um ser portento
Na distancia de seus pais
Viu momentos desiguais
Na sua tétrica existência
Jogado no mundo a esmo
Reflete consigo mesmo
A mais terrível pendencia
Num ostracismo bisonho
Ele se torna medonho
Na face desse planeta
Cantando a rude desgraça
Excomunga a populaça
Como um triste anacoreta
Sentindo a decrepitude
Aquele menino rude
Teme a negra solidão
Longe da casa paterna
Canta mágoa sempiterna
Que mora em seu coração
Naquele ambiente fosco
Aquele menino fosco
Se tornara pensabundo
E como um ser melancólico
Canta o mundo diabólico
Como o mais terrível mundo
Como um triste madrigaz
Aquele menino aldaz
Se tornara um malandéu
Sem garra de aventureiro
Aceitara o cativeiro
Desse mundo de labéu
Esse rebento labrego
Nunca teve um aconchego
Nesse mundo tenebroso
E como um menino pobre
Canta como Antônio Nobre
Esse mundo mentiroso