POBRE JABOTA
POBRE JABOTA
Um dia a jabota estava a passear,
Comendo flor de hibisco e a divagar.
Sonhava ser veloz como um guepardo
Correr o mundo e casar com felizardo.
Na sua doce ilusão de jabota sonhadora,
Respirou fundo e tentou ser corredora.
Atrás de uma moita alta de jasmim,
Deu de cara com doce jabuti-mirim.
Ele foi pela flecha do cupido picado,
Na hora teve o seu coração amarrado.
Queria colocar anel de ouro na jabota,
E tudo que ele falava ele se sentia um idiota.
A jabota ignorou o jabuti pequenino,
Afinal ela queria um pernalta felino,
Queria ter filhos velozes e não molengas
Nem muito menos filhos de seres capengas.
O jabuti deu-lhe muitas minhocas,
Também tentou lhe dar muitas bitocas.
Nada amolecia o coração da jabota sonhadora
Que queria ser uma veloz gueparda vencedora.
No tempo de jabutis um mês é uma semana,
Passa dias, passa sol e chuvas e também caravana.
O Jabuti não cansava de ser apaixonado,
E pela jabota ele sempre era ignorado.
Um dia pela milésima vez ele foi humilhado,
E saiu andar pela estrada se sentido derrotado.
Passou um caminhão sobre o pobre jabuti,
Sua alma liberta voava ligeira como um colibri.
Nesse dia que era uma semana na vida humana,
A jabota sentiu falta de algo e se sentiu insana.
Procurou perto dos hibiscos e da linda fonte,
Ficou ansiosa, melancólica pensou em pular da ponte.
Esqueceu seu sonho de ser guepardo veloz,
Pois percebeu que para ela o destino foi feroz.
Ela não deu valor a quem tanto a amava,
Que por ela fazia loucuras e a enamorava.
A jabota na sua existência foi condenada,
E sozinha num jardim de hibisco ficou confinada.
Trocou um destino quase que certo,
Por um sonho em todo improvável e incerto.
No dia que ela se arrependeu era tão tarde
Que ela percebeu como fora tão covarde.
Nesse dia ela chorou tanto pelo pobre jabuti,
Então ela sentiu-se beijada por um belo colibri.
Ali ela envelheceu sozinha com sua lembrança
Sem ter mais nenhuma esperança...
André Zanarella 17-11-2012
Jabota = sf Zool Fêmea do jabuti.