((( O BURACO DA ESQUINA )))
Deitei...
Quero dormir, não sei como.
Estou sem sono.
Fico lembrando...
Aquele buraco da esquina.
Esta lá...
Desde que eu era menina.
Eu passava...
Ficava imaginando
Eu lá dentro do buraco
Me sufocando.
Eu desesperada...
A gritar,gritar!
E ninguém para me salvar.
O sapo gelado
Me dando mijada
E eu ali...
Eu ali apavorada.
O tempo foi passando
E o buraco, na calçada.
Como uma alma penada.
Eu fico a pensar...
Se minhas filhas não vão cair
No buraco...
Que continua a existir.
Mas...
Minhas filhas ficaram moças
Tem uma ja casada
E o buraco...
O buraco, na calçada.
O buraco resistiu o tempo
Não diminuiu, nem aumentou!
E ninguém...
Ninguém se acidentou.
Mas...
Quando minha neta
Sai, a dar uma passeada
Eu, já fico apavorada.
Cuidado com o buraco
Que tem lá na esquina
Lá morreu uma menina.
Mas...
Mas minha netinha
Nem me dá atenção
Pois, já conhece...
Conhece minha imaginação.
TANIA SANTOS