A índia Mony

A índia Mony

tatuava o corpo

com plumas de ema

e pavão.

Adornava os seios,

colares de dentes,

pulseiras de capim

e unhas de gavião.

Adormecia ouvindo

o canto das selvas;

estrelas iluminavam

a palma da mão.

O corpo despido,

Iluminava cavernas;

acima das nuvens

ouvia a manhã.

Seus dedos buliam

as ondas do mar,

e os cabelos adornados

com fios de lã.

Duendes gulosos

dormiam em taperas;

não viam perigos

no meio das feras.

Escondiam nas grutas,

cestas de assados

doces e frutas.

A índia Mony ouvia

perto e longe

versos de amor,

nos lábios do índio,

que imitava cavalos

trotando nas pedras.

Cheio de calos,

andava a mancar

e sempre a dizer:

'pocotó', 'pocotó',

'pocotó'...

Cansada de ser só,

movia os cabelos

no meio do pó.

Ao amanhecer,

bem longe ouvia:

'Pocotó' 'Pocotó...'

O sol nascia

entre as folhas,

flores e ervas.

Índios jovens e velhos

voltaram a pescar,

e correr.

A índia Mony

tornou-se mulher.

A tribo inteira

dançava na chuva,

celebravam o casamento

da lua e do sol.

Versos de amor

surgiam das águas,

no meio do tempo,

e do pó.

A índia Mony

Soltou os cabelos,

neles deu um nó.

De todos os cantos

os ventos sopravam.

A índia Mony,

cheia de encantos,

encontrou o amor

de Pocotó.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 16/08/2013
Reeditado em 02/04/2014
Código do texto: T4437811
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