Era Uma Vez Um Dragão
Era apenas um dragão,
Que sofria preconceitos
Por seu fogo em escansão.
As narinas se abriam
Ao mesmo tempo que o peito
Enfunava-se em ascensão.
Daí, o fogo certeiro,
Inevitável, matreiro
Que chamuscava os castelos!
Era apenas um dragão,
E os incêndios que atiçava
Jamais se viram mais belos!
E voava à luz da lua,
Balançando suas asas
Em completa solidão,
Pois ninguém queria ter
Ao seu lado, o tempo todo,
Como amigo, o tal dragão!
Pobre criatura ígnea,
Que trazia tanta brasa
Dentro do seu coração!
Nunca quis ferir ninguém,
Se queimava, era de amor,
Só sabia ser dragão!
Desejava, tão somente,
Um São Jorge que o matasse
Livrando-o da solidão...
Mas São Jorge estava longe,
E cansado de batalhas...
Pobrezinho do dragão!