O sapo na bota
Era noite, chovia.
E o sapo, coitado,
Sem abrigo tremia,
Todo enlameado.
Rugia o trovão
Na treva abissal,
Inchado no chão
Do líquido quintal
O sapo procurava
Um canto seguro
E a esmo saltitava
Perdido no escuro
Foi então que avistou
Uma luzinha distante,
Decidido para lá rumou
Um tanto deselegante
E ali chegando
Tal a marmota
Já foi entrando
Na velha bota.
E com que tamanha alegria,
Tirou ali a sua sonequinha!
Condená-lo, pois, se poderia,
Sendo a bota tão quentinha?
Mas a alegria do coitado,
Ah, vós sabeis como é,
Durou só um bocado:
Foi posto fora a pontapé!