LIBERDADE

“Libertas, quae sera tamen”

Virgílio

Eu vivia numa prisão,

Embora não pesasse sobre mim culpa alguma.

Não escapei de lá por descuido do meu algoz

Nem por meio de uma fuga espetacular,

Como a do peixinho Nemo.

O meu carcereiro foi também o meu libertador:

Movido, quiçá, pela compaixão,

Ele chegou de súbito,

Livrou-me dos grilhões,

Abriu a porta de aço

E ordenou que eu saísse,

Assim, simples e seco,

Sem nenhuma explicação.

Sabe qual foi a minha primeira ação?

Voar! Voei, voei, voei,

Submergi na tinta anil do céu

E emergi renovado,

Planando alegre por sobre a copa das árvores...

Liberdade é tudo.

Sem ela, apaga-se o sol

Da nossa alma

E nos transformamos

Em folha seca,

Que o vento leva

Para lugar algum!