Amor de Rato
Cansou das quinquilharias
O rato ladrão de queijo
Falou para si decidido
Agora roubaria um beijo.
Mas eis que havia um problema
Era uma gata siamesa
A sua musa encantada
Dormindo em cima da mesa.
Subir pelos pés de madeira
Não era nenhum problema
A reação da sua amada
Era seu grande dilema.
Dos ratos feios de esgoto
Gatos não costumam gostar
As garras da sua querida
Podiam lhe machucar.
Não iria desistir
O rato bem prazenteiro
Pondo de lado o perigo
Bolou o plano inteiro.
Banhado de perfume
Subiu sem nenhum barulho
Chegado ao focinho da gata
Deu-lhe um beijo com orgulho.
A gata preguiçosa
Acordou-se em ronronar
Sentiu um gostoso perfume
Ainda bailando no ar.
O rato já ia longe
Sem esperar para ver
Na segurança do seu buraco
Foi correndo se esconder.
E todo dia era assim
No mesmo horário marcado
Por um rato perfumoso
Um doce beijo era roubado.
Dona de tanto carinho
Feliz a gata sorria
O seu galante cheiroso
Que belo gato seria.
Um dia a lépida gatinha
Não dormia por inteiro
Roubado o beijo acordou
E viu o rato ligeiro.
O rato esperto que era
Um grande susto levou
Nas horas dos dias seguintes
Ele nunca mais voltou.
O pobre roedor era bom
Não tinha nenhuma maldade
Daquele beijo roubado
Chorava de tanta saudade.
Um dia saindo da toca
Tremeu-se o pobre inteiro
Sorria-lhe a linda gatinha.
Milagre de amor verdadeiro.